sexta-feira, 10 de julho de 2009

O FATALISMO: SUPERSTIÇÃO ANTIGA E MODERNA

Fatalismo é uma forma especial de determinismo, doutrina oposta ao livre arbítrio humano, pelo qual todos os fenômenos, inclusive o da vontade, são determinados por circunstâncias necessitantes, de tal modo que verificados os antecedentes, realizam-se necessariamente os consequentes.
Para o fatalismo todos os acontecimentos são necessários e absolutos e estão sujeitos a uma causa transcendente.
Três são as formas que revestem esta doutrina: a vulgar, a panteísta e a teológica.
Fatalismo vulgar, denominado também fatalismo pagão ou antigo, é o que admite a existência de uma força cega e impessoal - o destino, em latim fatum - causa necessária de todos os acontecimentos. Tudo acontece de uma maneira irreformável, sem que se possa tentar qualquer alteração. Se se tem que ser reprovado num exame, se isto está determinado pelo fatum, pelo destino, pode-se esforçar o quanto quiser, conhecer a matéria até mais que o mestre, mas de qualquer forma será reprovado. É encontrado em nossos dias no meio da plebe e entre os muçulmanos.
A conclusão que se tira deste fatalismo é a inação absoluta. Ora, viver é agir.
Fatalismo Panteísta, parte da identificação da divindade com o mundo, identifica a necessidade dos acontecimentos do mundo com a natureza divina. Tudo é Deus, e tudo se torna necessário como a essência divina. Este fatalismo importa, pois, na negação da contigência, pelo que exclui a possibilidade de qualquer ato livre. É o fatalismo difundido entre os pseudo-filósofos modernos, encontrado já desenvolvido em Baruc Spinosa, na sua "Ética".
Contra esta forma de fatalismo, alega-se que nem tudo é necessário no mundo, como nos ensina a mais pura e simples experiência e o bom senso.
Fatalismo Teológico, baseado na preciência de Deus, admite que todos os acontecimentos são predeterminados ab aeterno, pelo que são inevitáveis e fatais.
O raciocínio é o seguinte:
Deus conhece, desde toda eternidade, todos os nossos atos futuros.
Ora, o que Deus prevê, acontece necessariamente.
Logo,todos os nossos atos são necessários.
Responde-se a esse raciocínio dizendo que Deus, exatamente falando, não prevê, mas vê, porque para Ele tudo é presente.
Não estando sujeito à duração sucessiva do tempo, não há para Deus passado nem futuro. Daí, a preciência divina não importar na negação da liberdade humana. Efetivamente, os nossos atos não se realizam porque Deus os vê ou prevê, mas Deus os vê ou prevê porque eles haviam de se realizar.
Paulo Barbosa.

Nenhum comentário: