domingo, 5 de julho de 2009

A QUEBRA DA RELAÇÃO GERA O RIDÍCULO

O ridículo, ou o cômico, é aquilo que envolve grande variedade de sentimentos que se apresentam como humorístico, irônico, grotesco, satírico, etc.
Alguns filósofos consideraram a natureza do ridículo:
Platão fazia consistí-lo no orgulho produzido pela percepção imprevista da nossa superioridade;
Aristóteles dizia ser ridículo aquilo a que falta proporção, que contém um contraste;
Kant, no resultado nulo imprevisto de uma grande expectativa;
Shopenhauer, no desacordo subitamente advertido entre um conceito e os objetos reais que ele sugere.
A opinião de Aristóteles, no entanto, é a mais correta, pois, que é o ridículo senão a relação destruída entre as coisas, a desproporção. Aliás esta é a causa do riso.
O riso, geralmente, provém da leviandade. Aquele que ri muito, é leviano ou se faz leviano acidentalmente, por necessidade ou por circunstância.
Rir é indício de parar-se, deter-se na superfície da coisa de que se fala; de considerá-la superficialmente, e por causa disso, achá-la extravagante: daí surge o riso. Se se aprofunda um pouco mais, certamente o que se haveria de encontrar seria outra coisa, em vez do riso.
A loucura é horrível, e, no entanto, pode fazer rir, mas este riso não é de alegria. Pode fazer rir porque quebra a relação e reune idéias que entre si não se ajustam. Um homem ébrio, apesar do desgosto que inspira, pode incitar o riso, porque perdeu o sentimento da relação. A familiaridade excessiva, a expressão excessiva do respeito, os títulos honoríficos, os absurdos do sonho ou da embriaguez, todas as violações da relação podem provocar o riso.
Isso significa que a relação é coisa séria. A relação é íntima, profunda: quem sabe o lugar que ocupa na ordem universal?
Aquele que a rompe talvez desfaça o mundo, quebre a hierarquia: o riso tem um ar de um estalido de alegria lançado por alguém sobre um mundo destruído, uma hierarquia desfeita.
Paulo Barbosa.



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