sábado, 4 de julho de 2009

A TEORIA DA ONOMATOPÉIA E O "CRÁTILO", DE PLATÃO

Dentre as várias teorias explicativas do surgimento da linguagem humana, a Teoria da Onomatopéia, que tem sua formulação em Epicuro (341-271 a.C), foi a que mais influência exerceu tanto na Antiguidade quanto no século XVIII.
Essa teoria ensina que as palavras foram formadas em suas raízes pela imitação dos sons naturais, ou seja, o homem ouvindo gritos de pássaros e de animais, o rugido do mar e os bramidos da floresta, o murmúrio do regato e o sôpro da brisa, se esforçou por imitar todos esses ruídos. Tendo sido tais gritos imitativos úteis como sinais dos objetos que os tinham sugerido, a linguagem foi, desta maneira, elaborada.
É num diálogo de Platão, o "Crátilo", que trata das propriedades dos nomes, discutidos sob o ponto de vista da natureza ou da convenção,que se encontra a mais antiga teoria onomatopéica. Na primeira parte, dialogando com Hermógenes, Sócrates prova que os nomes têm um valor intrínseco, uma significação independente da vontade dos que a empregam e que representam a própria essência das coisas.
Na realidade não se pode fazer o histórico da origem da linguagem, porque a História começa muito depois que a humanidade adquiriu o uso da palavra. É razoável, no entanto, pensar, que o homem no seu estado original, ordenado, íntegro, tenha possuído a faculdade de traduzir seu pensamento, vindo, após uma desordem instalada no seu ser, a perdê-la, e, a partir daí começou um lento processo de ascensão rumo à perfeição, chegando, num tempo dado, a readquirir tal poder expressivo do pensamento. São, portanto, negativos os recursos de que pode-se lançar mão para estudar esta reaquisição da linguagem como um fenômeno processado no tempo e no espaço, motivo pelo qual os homens de ciência têm abordado a questão formulando apenas hipóteses.
Paulo Barbosa.

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