sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

A NATUREZA DO MAL E SUAS ESPÉCIES

O mal é definido filosoficamente como 'a privação de um bem devido', de um bem que devia existir num dado ser, por exigência sua, e não existe, como a visão no homem. O homem, pela sua essência mesma, deve possuir a visão, e quando não a possui, isso constitui um mal, uma carência de um bem devido. A pedra, por seu turno, em sua essência, não exige a visão, e sua inexistência na pedra não é, portanto, um mal.
Apesar de ser o mal real, não possui, contudo, positividade, não é algo positivo, não é uma natureza ou essência e está também sempre sustentado no bem, isto é, o fundamento do mal é o bem. Só algo positivo, existente, possuidor de ser, pode padecer o mal, pode sofrer privação de um bem exigido pela natureza desse ser, e daí se conclui que o mal absoluto não pode existir, pois seria um nada, já que é definido como a carência de algo, de um ser devido.
O mal distribui-se em duas espécies, a saber:

1. Mal físico - que é a privação do bem devido à natureza física, como a carência de visão no homem, de asa no pássaro, etc. Em muitos casos esse mal ocorre de acordo com uma ordem estabelecida, como a cadeia alimentar, por exemplo, em que animais alimentam-se de outros animais, e por isso é denominado mal em sentido impróprio.

2. Mal moral - que é a privação da adpatação do homem a um fim proveniente das exigências essenciais da natureza humana. O homem deve adequar-se a um paradigma, o paradigma ou modelo que o aperfeiçõa, o nobilita, o torna homem no sentido pleno do termo, o humaniza,  e o afastamento deste paradigma o priva deste acesso à perfeição, à nobilitação e dignificação que deve possuir, constituindo assim um mal, uma privação, e moral, ou seja, uma privação que tem como raiz a vontade livre, a decisão humana. Esse mal moral é denominado correntemente Pecado.

O mal moral é privativo do homem, ser de naturza racional, possuidor de inteligência e vontade. Tem sua causa exclusivamente na vontade, não causa 'per se', mas 'per accidens', ou seja, não é a vontade causa por si mesma do mal, mas acidental, pois a vontade visa o bem apenas, mas muitas vezes elege um mal como se bem fosse, devido a não penetração maior da inteligência no conhecimento de tal coisa.
Paulo Barbosa.

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