terça-feira, 20 de julho de 2010

DIA DO AMIGO: OCASIÃO PARA SE DISCERNIR A VERDADEIRA AMIZADE

Hoje, 20 de julho, comemora-se o dia internacional do amigo, data criada pelo argentino Enrique Ernesto Febbraro, dentista, professor e músico, que se inspirou na chegada do homem à lua neste mesmo dia de 1969, conquista esta, dizia ele, não somente uma vitória da ciência, mas uma oportunidade de se fazer amigos em outras partes do universo. Interessante que no Brasil o dia do amigo é comemorado em 18 de abril, sendo no dia de hoje comemorado o dia da amizade.
Aproveitando, então, a ocasião, vejamos o que verdadeiramente é a amizade, tão propagada em nossos dias, sobretudo nos meios midiáticos, como nas salas de bate-papo, orkut, etc, mas tão desconhecida na sua essência, fundamento e notas características.
O homem é dotado naturalmente de algumas inclinações sociais, dentre as quais destacam-se o amor e a amizade. Pelo amor o homem deseja o bem do próximo, saindo de si mesmo, colocando a sua felicidade na felicidade de outrem, trabalhando com afinco para esse fim e preferindo-a à sua própria felicidade, até ao ponto de se sacrificar pela pessoa amada. Estamos diante de uma propensão totalmente anti-esgoísta, de uma categoria de inclinações verdadeiramente desinteressadas.
Somente o homem é capaz de amar desta maneira, visto que para dar-se é necessário antes possuir-se, e isso é próprio do ser racional e livre.
Quando, porém, o amor reveste certas condições de preferência e de intimidade recíprocas, recebe o nome de amizade. Esta é um amor seletivo de escolha e preferência entre duas ou mais pessoas, sendo verdadeira quando tem como fundamento a virtude e como notas ou propriedades ser ativa, mútua e unitiva.
A primeira condição real da amizade verdadeira é a virtude, pois, se amar é querer bem, como podem querer bem aqueles que se unem para o mal? Aristóteles, na Ética a Nicômaco VIII, ensina que "a amizade é sentimento muito vivo e muito doce que torna a vida feliz e virtuosa, não sendo somente necessária, mas também bela, e que alguns pensam que ser bons e ser amigos é uma e mesma coisa"
A atividade é mais uma nota da verdadeira amizade, e o mesmo Estagirita ensina ser "a amizade não uma inclinação passiva, mas benevolência ativa, vontade constante da felicidade de outrem, que se traduz em atos, e que quanto mais amamos mais operamos"
Deve também ser mútua ou seja "tudo deve ser em comum entre os amigos, continua o Filósofo, as alegrias e as tristezas, a abundância e as privações, porque o amigo é outro eu, e nós devemos estar prontos, se fôr preciso, a sacrificar-nos por ele".
Enfim, a verdadeira amizade exige certo trato e união, porque a fusão íntima e a substituição mútua das personalidades, que é própria do amor de amizade, exige a união dos amigos para se satisfazer, e além disso alguns vínculos e frequentação ou convivência são necessários para o nascimento e conservação da amizade. Dizia já Chateaubriand pela boca de um de seus heróis selvagens: "Os caminhos da amizade cobrem-se de abrolhos quando não são frequentados".
Paulo Barbosa.

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