terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O CONCEITO DE PECADO NOS FILÓSOFOS GREGOS: SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES

O conceito de pecado entre os gregos antigos difere substancialmente do conceito cristão como ofensa a Deus. A raíz grega correspondente a pecado - hamart -, em sua origem significava 'errar o alvo, falhar o objetivo', na acepção de uma falha contra a técnica, contra a gramática, contra a estética, falha provinda da imperícia ou inabilidade, mas que em si mesma não possuía  nenhuma culpa moral.
Sócrates, no V século a.C., interessou-se sumamente pelo problema da virtude e das falhas cometidas contra esta. Professava que a ignorância era a causa do pecado, da derrogação à virtude, e por isso, o pecador era isento de culpa moral, pois não se peca voluntariamente. O pecado em Sócrates toma índole estritamente intelectual, tornando, assim, quase nulo o senso de responsabilidade moral.
Platão (+ 347 a. C.) apesar de discípulo, não aceitou o intelectualismo socrático em todo o seu vigor, ensinando a culpabilidade e responsabilidade moral no homem que se desvia da virtude.
Aristóteles (+ 322 a. C.) apesar de aluno de Platão por muitos anos, não possuía a consciência de pecado enquanto culpa moral. Para o Estagirita, éticamente (cf. Ética a Nicômaco II p 1106b 28ss; Política III 11 p 1231b 28) o pecado constitui um ato de inabilidade, de falta de perícia, um infeliz golpe de vista que alguém executa de boa fé, mas nunca uma ofensa moral a Deus ou uma injustiça. A razão desta deficiência tem sua causa no cenceito que Aristóteles tinha de Deus, que embora reconhecendo a existência de um Primeiro Motor Imóvel, julgava que este movia os demais seres de maneira inconsciente ou apenas como Causa Final, como objeto que, contemplado pelos entes inferiores, os atrai pelo simples fato de existir, e existir como tipo de ser perfeito. Portanto, Deus não conhece os homens, não lhes impõe as leis morais que auxiliam na caminhada em direção ao Fim Último, mas é o próprio homem quem, com seu raciocínio e experiência, tem de formular as normas da sua conduta neste mundo, tem de criar sua Ética.
Paulo Barbosa.

Um comentário:

monica disse...

oLÁ, VOCE TEM UMA REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA DESTE TEXTO?
OBRIGADA