quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

VOZES DO ALÉM: FENÔMENO TRANSCENDENTAL OU GAGUEIRA DOS SENSITIVOS?

A PSICOFONIA é um fenômeno que consiste em uma pessoa ouvir vozes misteriosas que são comumente atribuídas ao Além, como se os mortos pudessem se comunicar com os vivos usando da linguagem humana. Muitas vezes essas vozes são gravadas por meio de aparelhos específicos, tornando-se célebres e confirmando no público a crença de que os defuntos se manifestam deste modo.
Possuem estas vozes algumas características que interessam aos estudiosos:
- são roucas em algumas manifestações, e pouco a pouco tornam-se compreensíveis;
- assemelham-se a suspiros, gemidos, grunhidos, chiados, dando a impressão de não ser articulada pela garganta humana;
- as mensagens destas vozes são medíocres, triviais, irrelevantes, nunca contribuindo com alguma solução de problemas que afligem o homem ou científicos. São, muitas vezes, frases incompletas, evasivas, e fazem, por vezes, alusões às pessoas presentes e aos seus parentes.

Que pensar desse fenômeno? A ciência, sem necessidade de recurso a espírito do Além, elucida a psicofonia como sendo o que se denomina ventriloquia, ou seja, linguagem ou conjunto de sons proferidos ou provenientes das estranhas da pessoa em questão, que  é chamada de médium. Tal fenômeno pode ser produzido em circunstâncias diversas:
de maneira consciente, e então são inúmeros os embusteiros que iludem os ouvintes; e
- de maneira inconsciente, e neste caso pode haver pessoas - médiuns - de boa fé dotados da faculdade da ventriloquia, que utilizem este fenômeno sem saber, atribuindo-o, então, ao Além.

A ciência explica a ventriloquia inconsciente pela lei da associação ou pela constituição psicossomática do ser humano. Quando uma ideia ou imagem qualquer é concebida por alguém, esta repercute no cérebro e nos músculos, incluindo os músculos motores da linguagem. Hoje se sabe que todo pensamento tem seu correspondente somático, que produz contrações musculares, ou seja, mudanças de potencial elétrico de origem muscular, comprovados pela técnica de registros de contrações musculares chamada miografia. Este fenômeno foi também muito estudado e documentado pelo Dr. Giuseppe Calligari, neuropatologista da Universidade de Roma, e antes dele, pelo Dr. Chevreul, francês, que comprovou experimentalmente ser impossível alguém ter uma representação mental qualquer, mesmo que seja uma sílaba, sem que simultaneamente haja um movimento nos músculos, movimento este que contribui para a articulação da tal sílaba.
Pois bem, de acordo com o grau de sensibilidade de uma pessoa, do médium, por exemplo, essa repercussão muscular pode chegar mesmo até à fonação ou linguagem falada, e, por provir do inconsciente, o próprio médium surpreende-se com os efeitos registrados e atribui, então, aos espíritos dos mortos, com sinceridade. 
Vemos, então, que a ciência explica e elucida o fenômeno da psicofonia, demonstrando que nada tem de transcendental, de sobrenatural ou preternatural, pois não passa de produto das faculdades de uma pessoa bem sensitiva e vibrátil, que se excita com facilidade, consciente ou inconscientemente, provocando desta maneira a ventriloquia.
Paulo Barbosa.

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