sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

PRAGMATISMO: ESCOLA AMERICANA DE CETICISMO MODERNO

O PRAGMATISMO pode ser definido como sendo o empirismo fundado biologicamente. Pode ser chamado também de UTILITARISMO, por consistir em considerar todos os valores do ponto de vista de sua utilidade prática. Sob sua característica atual, teve seu início nos Estados Unidos com William James (1842-1910), mas o nome pragmatismo foi elaborado por Peirce, em 1878.
Segundo William James, o homem não vive para pensar, mas para agir. Acima de tudo, o que interessa no homem é a ação. Esta concepção pragmática somente reconhece valor em qualquer juízo por suas consequências práticas, mesmo conceito de Hegel, que afirmava "Alles was wirklich ist, ist vernunftig, tudo o que é eficiente, é racional".

COMUNHÃO COM OUTROS SISTEMAS

O pragmatismo tem de comum com o velho nominalismo o fato de permanecer no indivíduo; com o utilitarismo, o aceitar como critério decisivo a utilidade; com o positivismo, o seu desprezo pela Metafísica.

ENSINAMENTO DE UM FÍSICO

Ensina Ernst Mach, físico austríaco, que todo conhecimento é sempre uma experiência física, mediata ou imediatamente útil para a vida, e que um juízo que não é eficaz, é errado. 
Hegel e Nietzsche pensavam também desta mesma maneira.


EXPORTAÇÃO PARA ALEMANHA

Na Alemanha, o pragmatismo surgiu em 1886, com Ernst Mach, Avenarius, e sobretudo com a denominada Filosofia do Como se - Alsob Philosophie -, de Hans Vaihinger, dada ao público em 1911, mas concebida em 1875, segundo seu autor. 

QUE ENSINA A ALSOB PHILOSOPHIE

A Filosofia do Como se professa que o conhecimento humano não é verdadeiro ou errado, mas é apenas um meio lógico de vencer na luta pela vida. As categorias do conhecimento são apenas meios cômodos de dominar a infinita multiplicidade de sensações existentes no homem. Todas as concepções, científicas ou morais, não passam de ficções que, embora repletas de contradições lógicas, servem, são boas na medida em que permitem ao homem atuar praticamente sobre a realidade.
O homem vive, então, COMO SE o mundo objetivo correspondesse às ficções dos homens, pouco importando se correspondem ou não à realidade. Ou com outras palavras, o homem vive COMO SE Deus existisse, COMO SE houvesse moral, COMO SE existisse alma imortal, etc.
Esta filosofia é um ficcionismo, no fundo um voluntarismo, que reduz a Lógica à Biologia.

REJEIÇÃO DA VERDADE ABSOLUTA

Da mesma maneira que o relativismo positivista, o pragmatismo rejeita a possibilidade de um conhecimento absoluto da verdade sob o pretexto de que a distinção entre a verdade e o erro não repousa em base lógica, mas em simples conveniência, utilidade ou oportunidade. Somente valores práticos, que podem mudar com o tempo, são reconhecidos por esta corrente norte-americana. 

VARIEDADE DO PRAGMATISMO

Uma variedade do pragmatismo é o INSTRUMENTALISMO de John Dewey, para quem o pensamento tem por finalidade somente ajustar a ação, e então, as teorias racionais e morais seriam apenas instrumentos preparados para permitir que se encontre a melhor forma de conduta.
Dewey diz que as concepções filosóficas, os pensamentos, as hipóteses, devem ser submetidos à pedra de toque da vida prática. Em si mesmos não são verdadeiros nem falsos, se tornando tais somente pelo sucesso ou falência da ação. A verdade é apenas um instrumento para agir, para satisfazer, enriquecer, enobrecer a vida. Tudo o que diz respeito ao conhecimento, pensamento, concepção de vida, verdade, saber, crença, cultura, tudo deve comparecer não ao tribunal da razão, mas da ação, numa completa e evidente confusão entre dois conceitos distintos, verdadeiro e útil.

SUCESSO DO PRAGMATISMO

O sucesso deste sistema, o pragmatismo, se deu devido a que se apresentava, e apresenta ainda em nossos dias, como uma filosofia da vida prática, da atividade, do progresso, expulsando questões ociosas. Apareceu como uma filosofia do esforço, da bravura, do progresso indefinido, como um fermento prodigioso da vida moral, fazendo a muitos pensar que era mesmo a fórmula mágica do progresso rápido e admirável norte-americano. 

COMO MÉTODO E COMO GNOSIOLOGIA

O pragmatismo como método consiste em erigir a experiência como único caminho que leva à verdade.
Como teoria do conhecimento, identifica verdade e bem, mas verdade aqui considerada de maneira concreta, onde verdade e verificação são identificadas.

BREVE, MAS ELUCIDATIVA CONCLUSÃO

O pragmatismo e todos os seus derivados não passam, na realidade, de um ceticismo. O homem pensa que não pode alcançar a verdade, mas acredita que ela não existe; depois, como precisa viver uma vida intensa, cada vez mais progressista, aceita como verdade tudo o que contribua para essa vida.
Paulo Barbosa

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