Daremos hoje prosseguimento a mais um dos cinco argumentos racionais que provam a existência de Deus, as clássicas cinco vias. O primeiro argumento já foi exposto no artigo de 8 de janeiro de 2011, onde se provou que o movimento enquanto passagem da potência ao ato requer em sua determinação um motor imóvel e primeiro.
A segunda via é a da causa eficiente, e pode ser elaborada da seguinte maneira:
EXPOSIÇÃO DA SEGUNDA VIA
No mundo existem muitas e diversas causas eficientes. Estas causas estão de tal maneira subordinadas entre si que formam uma série na qual a inferior depende da superior, ou seja, a inferior é efeito da superior. Ora, nesta sequência de causas eficientes deve existir uma causa primeira que só seja causa, e não efeito, e que seja a causa de todas as causas. Se caso não existisse uma causa primeira, não poderiam obviamente existir, como existem, as causas segundas, pois estas são efeitos, e todo efeito exige necessariamente uma causa proporcionada. A Causa Primeira é o que se denomina Deus. Logo, Deus existe.
ESCLARECENDO A CAUSA EFICIENTE...
A título de esclarecimento, causa aqui é empregada como o ente enquanto é princípio de produção de alguma coisa, e princípio, por sua vez, é o ente do qual outro procede. Para que haja causa é necessário: 1) existir diversidade de substância; 2) dependência do efeito em relação à causa; e 3) prioridade de natureza da causa em relação ao efeito.
Quatro são as espécies de causa: eficiente, formal, material e final. A causa eficiente, que é a da segunda via, é aquela que é o princípio que, pela sua ação, produz um efeito distinto de si. Esta causa, por sua vez, distingue-se em diversas espécies, dentre as quais as que nos interessam aqui são: primeira e segunda. Causa eficiente primeira é aquela que na ação não depende de nenhuma outra, e esta só pode ser uma, Deus, e causa eficiente segunda, é aquela que depende da primeira, tanto na sua força como no exercício da mesma.
ESQUEMA DA SEGUNDA VIA
Deve ser notado que a segunda via é construída com o mesmo esquema da primeira, onde se toma como ponto de partida os encadeamentos de causas eficientes que se podem experimentalmente constatar, subindo até uma Causa Primeira Eficiente transcendente. No entanto, existe sim diferença de uma para outra, pois enquanto aqui, onde Deus é considerado como Causa Eficiente de tudo quanto existe, lá, na primeira via, é considerado como Causa Final de todas as coisas, para quem tudo tende, como Ente infinitamente inteligível e amável.
PARVA ENODATIO ALIARUM CAUSARUM*
Causa formal é aquela que num ser influi como parte intrínseca e determinante, também chamada forma. É o ato que determina a matéria a uma espécie.
Causa material é a que num ser influi como parte intrínseca e determinável, e é o sujeito sobre o qual a causa eficiente exerce a ação.
Causa final é aquilo em vista do qual uma ação é praticada.
Paulo Barbosa.
(*Parva enodatio aliarum causarum = pequeno esclarecimento das outras causas).
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