quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

LITERATURA LATINA (II): A POESIA ROMANA DO PERÍODO PROTO-HISTÓRICO

No período pré-helênico da Literatura Latina não existiu, a rigor, poesia, mas apenas versos. Este período é o primeiro daquela divisão quádrupla, denominado de Proto-histórico, que vai do século VII até 240 a.C. Os monumentos mais antigos em verso são preces às divindades, carmina, como as seguintes:

Irmãos Arvais
a) CARMEN FRATRUM ARVALIUM, CARME DOS IRMÃOS ARVAIS, uma fórmula que era recitada pelos irmãos Arvais, confraria de sacerdotes fundada por Rômulo em número de doze membros, consagrados ao culto de Ceres, e que na lua cheia, fazia uma procissão pelos campos para afastar de Roma os flagelos. Esses fragmentos de hinos são dos primeiros documentos da língua latina, e o nome Arvales vem de Arvum, que é a lavoura, o campo, as searas, palavra preferida dos poetas e sempre usada no plural.

Fragmento
b) CARMEN SALIORUM ou CARMEN SALIARE, CARME DOS SÁLIOS, cantados pelos sacerdotes Sálios, cultuadores de Marte e Hércules. Este carmen, ou mais especificamente três fragmentos dele, foi conservado por Varrão, conforme se depreende do seu De Lingua Latina, VII, 26. Eram chamados Sálios porque cantavam os hinos acompanhados de danças, e em latim dançar é salire. Na época clássica já eram ininteligíveis ou intraduzíveis, segundo autores da época.

Outros gêneros poéticos, porém, foram cultivados também na Itália, mas quase nada ou nada nos restam deles. Estes são:

a) AS NENIAE, que eram cantos fúnebres executados durante os funerais;

b) CANTOS EM BANQUETES, onde se enaltecia os grandes homens, seus grandes feitos;

c) CANTOS SATÍRICOS, improvisados nos dias de triunfo, onde se criticavam o general vencedor;

d) ATELANAS ou FABULA ATELLANA, eram comédias bufas, em parte improvisadas, primitiva expressão do teatro jocoso romano. São chamadas assim devido à vila osca onde foi criada, Atela;

e) CANTOS FESCENINOS ou FESCENINI, cantos grosseiros, obscenos, cantados em festas públicas. Seu nome provém de Fescênia, cidade da Etrúria, onde foram criados.

FORMA DO VERSO

A forma mais antiga e original do verso usada em Roma é o SATURNINO, versus saturninus, sobre cuja natureza quantitativa ou acentuativa ainda não se chegou a conclusão. É este verso idêntico a uma das formações mais comuns na métrica popular grega: um dímetro jâmbico cataléctico mais um itifálico ou um reiziano.
Paulo Barbosa.

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