quarta-feira, 20 de abril de 2011

LITERATURA LATINA (LV): ÉPOCA PÓS-CLÁSSICA - A SÁTIRA [2ª PARTE]

A SÁTIRA

DÉCIO JÚNIO JUVENAL

JUVENAL, nascido em data incerta: fim do século I e começo do II. Era natural de Aquino e filho adotivo de um rico liberto, que possuía bastante bens para o deixar a salvo de qualquer necessidade. Foi para Roma e aí 'declamava' nas lições públicas, compondo, para conquistar aplausos, discursos de advogado sobre causas imaginárias.

Sob o governo de Trajano (98-117) e Adriano (117-138), escreveu as sátiras, e as declamou nas lições públicas. Segundo um biógrafo seu, teria sido exilado para o Egito, onde teria morrido de tédio e de desgosto com a idade de 80 anos.

OBRAS

São dezesseis as sátiras da lavra de Juvenal, e estão todas em ordem cronológica divididas em cinco livros. A última, porém, está incompleta. 

I. Porque escreve sátiras. - II. Os hipócritas. - III. Embaraços em Roma. - IV. O rodovalho (= espécie de peixe). - V. Os parasitas. - VI. As mulheres. - VII. Miséria dos homens letrados. - VIII. Os nobres. - IX. Os libertinos.- X. As promessas. - XI. O luxo da mesa. - XII. Volta de Catulo. - XIII. A consciência. - XIV. O exemplo. - XV. A superstição. - XVI. Prerrogativas da classe militar [fragmento com 60 versos].

CARACTERÍSTICAS

Juvenal foi um poeta eloquente, e pode-se mesmo afirmar que foi o mais eloquente dos poetas, e acima de tudo rétor, pois declamava.

Possuía uma sincera indignação contra o vício, assumindo mesmo um aspecto muito enfático. Alguns de seus versos são admiráveis, mas já outros desafinam e destoam. A obscuridade, o rebuscamento, a rudeza do estilo muitas vezes não permitem que se lhe saboreiem as qualidades reais, com o vigor na invectiva e o esplendor da imaginação.

No fim da vida, o talento enfraqueceu-lhe e as últimas sátiras são bem inferiores às precedentes. Sente-se visivelmente o esgotamento do estro.

REPUTAÇÃO

Pouco estimado foi Juvenal no seu tempo, parecendo que só no IV século começou a ser conhecido. A sua glória aumenta e brilha principalmente na Idade Média. É enumerado entre os poetas de segunda ordem nos tempos modernos. São-nos conhecidas dele algumas frases que foram transformadas em provérbios, como:

Mens sana in corpore sano

Mente sã em corpo são


Hoc volo, sic iubeo, sit pro ratione voluntas

Assim desejo e assim ordeno: que a minha vontade valha pela argumentação


EXPLICAÇÃO

O primeiro adágio significa que uma boa educação deve ter em vista tanto o vigor intelectual quanto o físico e que, aliás, o segundo, o corpo são, é condição indispensável para a primeira. A oração completa é "Orandum est ut sit mens sana in corpore sano", "é preciso orar (aos deuses) pedindo que haja mente sã em corpo são".

O segundo caracteriza a maneira insolente e arrogante com que uma mulher se comporta com o marido, indicando vontade férrea e despótica. É também atribuído este verso aos maus comandantes. 
Paulo Barbosa.

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