quinta-feira, 7 de abril de 2011

LITERATURA LATINA (XLIV): ÉPOCA DE AUGUSTO - HISTORIOGRAFIA [1ª PARTE]

ÚLTIMO GRANDE PROSADOR CLÁSSICO - HISTORIOGRAFIA

TITO LÍVIO


TITO LÍVIO (59 a.C.-17 d.C.), nasceu em Pádua, Itália, e viveu em Roma no tempo do Imperador Augusto, que o honrava com seu favor, embora o chamasse de 'pompeiano', ou seja, do partido de Pompeu, porque na História que escrevera, tecera grandes louvores a este. Era homem honesto, patriota entusiasta e ao mesmo tempo grande admirador do passado. É o último grande prosador clássico, fechando, assim, a Era de Augusto.

Tinha um filho a quem aconselhava por escrito que estudasse Demóstenes e Cícero e depois os demais autores, na medida em que assemelhassem a esses dois. Tinha também uma filha casada com o rétor Mágio, que era ouvido mais por causa do sogro do que por sua própria eloquência.

Morreu em sua cidade natal, ou porque aí tivesse vivido seus últimos anos, ou porque lá estivesse de passagem.

OBRAS

Tito Lívio escreveu, a princípio, obras filosóficas, umas sob forma de diálogos, outras, mais didáticas, e talvez alguns opúsculos de crítica literária. Entretanto, os poucos textos que parecem referir-se a esses últimos só fazem alusão talvez a cartas particulares ou asserções orais.

Sua obra mais importante, porém, é a HISTÓRIA ROMANA a que consagrou os quarenta últimos anos de sua vida. O título original é AB URBE CONDITA LIBRI, e compreendia 142 livros que foram publicados separadamente ou, pelo menos, por grupos. Cada grupo de dez livros chama-se Décadas. Esta divisão ascende, no mínimo, ao século IV, sendo muito mais antiga, talvez.

Nesta obra Tito Lívio relatava toda a História Romana desde as origens até o ano 9 d.C.

Hoje restam-nos 35 livros, a saber: livros 1-10, das origens ao ano 293 a.C.; livros 21-45, do ano 218 - da segunda Guerra Púnica - ao ano 167 - triunfo de Paulo Emílio depois da guerra da Macedônia; nos livros 41-45, porém, há inúmeras lacunas.

Fragmentos isolados e resumos do conjunto ou de certas particularidades ainda são conservados, como os prodígios, os nomes de cônsules, etc. Entre os resumos do conjunto, é mais importante o intitulado PERIOCHAE (helenismo que significa resumos, sumários, de periocha, ae), conservado para os 142 livros, exceto os livros 136-137. Outro resumo foi encontrado num papiro em 1903.

ESTILO

Tito Lívio não imita absolutamente à concisão de Salústio, pois segue a escola de Cícero, a quem tributava grande admiração. A frase é ampla, abundante, clara e periódica, desenvolvendo-se com tranquila majestade.

O período liviano, porém, é menos regular que o de Cícero. Afasta-se ainda da arte ciceroniana pelo frequente emprego da dissimetria - ou desproporção - e pela completa diferença no ritmo.

Asínio Polião, historiador e crítico de Júlio César, pretendia, no dizer de Quintiliano (I,5,56), encontrar em Tito Lívio traços de provincianismos, de expressões usadas em Pádua, denominada patavinitas - patavinidade. Até hoje é muito discutido pelos críticos esta peculiaridade do autor.

A evolução do estilo, entretanto, não pode ser traçada com perfeição, pois a maior parte da obra de Lívio está perdida e, o que é ainda mais de lamentar, a parte conservada não leva à conclusão o primeiro terço do conjunto. Na realidade, não se possui nem o meio, nem o fim. Entretanto, na parte que chegou até nossos dias, se pode notar importantes transformações, como por exemplo, o estilo da primeira década, e sobretudo do primeiro livro, está mais eivado de palavras arcaicas e poéticas, como proles, proceres, de expressões poéticas, que parecem ter sido tomadas, especialmente, de Ênio: haec ubi dicta dedit. Mais adiante, pelo contrário, Tito Lívio se achega cada vez mais de Cícero, ou seja, do ideal clássico.
Paulo Barbosa.

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