sexta-feira, 8 de abril de 2011

LITERATURA LATINA (XLV): ÉPOCA DE AUGUSTO - HISTORIOGRAFIA [2ª PARTE]

HISTORIOGRAFIA

TITO LÍVIO


FONTES

Como quase todos os autores usados por Lívio estão perdidos, é absolutamente impossível determinar com precisão qual tenha sido o conjunto das fontes usadas por ele. Os mais diversos sistemas têm sido propostos, porém sem prova alguma definitiva. Contudo, é possível conhecer alguns dos autores de que se serviu, como Políbio, do qual comparou algumas narrações, por exemplo, as que se referem à guerra de Aníbal. Completava, porém, o historiador grego com os analistas latinos.

CRÍTICA E VERACIDADE

As informações mais dignas de fé nem sempre foram buscadas com métodos rigorosos, e além disso, por vezes o patriotismo o cegava. Não tinha, porém, o espírito prevenido, pois sempre pretendeu afirmar com sinceridade aquilo que verdadeiramente cria. Possuía alto bom senso para emitir julgamentos.

Com certeza, foi considerável o número de autores usados por Lívio em sua obra, mas quase não consultava, entretanto, a documentos originais - textos de tratados, inscrições -, e que lhe seria tão fácil fazê-lo.

NARRAÇÕES

Não têm nem a simplicidade das de César, nem a concisão vigorosa das de Salústio e Tácito. São, entretanto, bem conduzidas e muito vivas, com todas as partes ordenadas com proporção sem que a nada falte o vigor ou movimento. O frio retrato do historiador Políbio conseguiu Tito Lívio animar, como na passagem dos Alpes por Aníbal, por exemplo, assim como os analistas romanos. Reconstituiu os acontecimentos da maneira como deviam ter se realizado e se associou aos sentimentos e paixões dos protagonistas.

Deu relevo ao caráter das personagens, não como Salústio ou Tácito, por meio de retratos, mas pelos próprios acontecimentos.

DISCURSOS

Constituem parte muito importante da obra liviana, contando-se mais de 400 nos livros conservados. O número, entretanto, devia elevar-se a 1500 em toda a obra. Em parte são convencionais, como em muitos autores antigos, mas possuem valor histórico, ou seja, fazem-nos conhecer os fatos. Maior ainda é o valor oratório, pois são discursos bem elaborados, hábeis, cheios de inspiração, numa palavra, eloquentes. Depois dos de Cícero, são os melhores modelos de eloquência que nos legaram os Romanos.

REPUTAÇÃO

Tito Lívio viveu bastante para assistir ao sucesso de sua obra e conhecer o triunfo. Um homem natural de Gades veio de seu país para o ver e para lá voltou em seguida. Juntamente com a Eneida, sua obra foi talvez a mais lida. Sêneca, Tácito e Quintiliano muito elogiaram-na, e mesmo foi usada por grande número de escritores.

Durou esta glória até o fim do Império, no século V d.C. Na Idade Média foi menos conhecido, porém no Renascimento o Paduano foi resgatado, tendo sido estudado e admirado por muitos. 

Concluindo, pode-se dizer que a História de Roma, de Tito Lívio, é, com a Eneida, o maior monumento levantado à glória e grandeza de Roma, a Cidade Eterna.
Paulo Barbosa.

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