sexta-feira, 20 de maio de 2011

LITERATURA LATINA (LXXX): ÉPOCA PÓS-CLÁSSICA - OS SÁBIOS [5ª PARTE]

OS SÁBIOS

MARCO FÁBIO QUINTILIANO


QUINTILIANO, nascido e falecido em datas desconhecidas no final do século I d.C., era espanhol, da cidade de Calagúrris. Muito cedo foi para Roma, onde estudou com o famoso gramático Palémon e com o rétor Domício Áfer. Regressou, depois, à Espanha e em 68 volta à Roma sob o Imperador Galba. Foi muito famoso como advogado, porém mais célebre se tornou como mestre de eloquência. Foi o primeiro professor remunerado pelo Estado, concedendo-lhe Vespasiano um bom ordenado.

Durante vinte anos ensinou com sucesso, tendo tido vários alunos destacados, como o Imperador Adriano e Plínio, o Moço.

OBRAS

Quintiliano compôs várias obras que, todavia, se perderam, como DE CAUSIS CORRUPTAE ELOQUENTIAE e DISCURSOS pronunciados por ele, mas nunca publicados. A úníca que chegou até nossos dias e que o imortalizou foi INSTITUTIONES ORATORIAE LIBRI XII.

A obra Institutiones Oratoriae foi composta durante dois anos, entre os anos 92-93, e os doze livros foram publicados separadamente. Após a conclusão, uma edição de conjunto apareceu.

Composta a pedido de amigos, reuniu, então Quintiliano, toda a substância do seu ensinamento sobre a arte oratória, compreendida no sentido lato. Inseriu tudo aquilo que contribui, ainda que de modo indireto, para a formação do orador, sem omitir sequer a educação primária.

CARACTERÍSTICAS

As Institutiones têm por característica ser o mais completo tratado sobre arte oratória que a Antiguidade nos legou. Embora o pensamento seja menos profundo que em Aristóteles, e menos brilhante o estilo que em Cícero, o conjunto da doutrina é o mais satisfatório. Quintiliano é exato, não abusa das minúcias de técnica, como costumavam fazer os rétores gregos e latinos do seu tempo. 

Quintiliano foi um homem de muito bom senso e inteligência. Grande parte dos conselhos que hoje em dia são dados sobre a arte de compor e escrever encontram-se nas suas obras. Dotado de fino gosto e muito equilibrado, percebeu os defeitos dos declamadores contemporâneos, o que o levou a preferir os modelos clássicos.

ESTILO E LÍNGUA

Estilo simples, sóbrio, natural, cheio de elegância e delicadeza. Dotado de clareza, precisão e muitas vezes engenhosidade. A língua, porém, depois de Cícero, evoluiu e por isso, mesmo Quintiliando o tomando por paradigma, no respeitante à gramática emprega, sem o querer, uma sintaxe e um vocabulário bastante diferentes, como por exemplo, os aumentativos com prefixo -prae: praedurus, praedulcis, praetenuis, e nenhum aumentativo em -per.
Paulo Barbosa.

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