sábado, 21 de maio de 2011

LITERATURA LATINA (LXXXI): ÉPOCA PÓS-CLÁSSICA - OS SÁBIOS [6ª PARTE]

OS SÁBIOS

MARCO CORNÉLIO FRONTÃO

FRONTÃO, cônsul em 143 e falecido após 174. Nasceu na Numídia, em Cirta e aprendeu o latim e o grego a ponto de escrever com igual facilidade em ambas as línguas. Exerceu as funções de advogado e professor. Teve a felicidade de ser escolhido para mestre do Imperador Marco Aurélio e Lúcio Vero, que lhe tributaram grande amizade e se lhe mostraram reconhecidos. Chegou Frontão a senador e cônsul, mas por motivos de saúde recusou o proconsulado da Ásia. Foi bastante rico e gozou de grande fama.

OBRAS

Grande parte das obras de Frontão foram descobertas em palimpsestos de Milão, em 1815, e de Roma, em 1823. Até esta data Frontão gozava do julgamento de que era um grande homem, mas após a leitura dos palimpsestos, tais documentos revelaram que não passava de um espírito absolutamente medíocre, de uma personalidade sem nenhuma significação, cuja obra não merecia passar à posteridade. Estes palimpsestos compreendem inúmeras CARTAS, muitas delas dirigidas a Marco Aurélio, e DECLAMAÇÕES frívolas, como o começo de um ELOGIO DA FUMAÇA E DA POEIRA. Quando o título se afigura mais sério, como ocorre com o DE BELLO PARTHICO ou o DE NEPOTE AMISSO, o leitor sofre maior desgosto ainda devido à futilidade e ao prosaismo.

É Frontão um dos mais vazios autores que jamais existiram em qualquer literatura. Ordinariamente, só fala para não dizer nada e quando alguma coisa diz, é para falar-nos minuciosamente dos seus reumatismos no pé, na mão, no dedo, na espádua, no cotovelo, etc.

Por vezes, contudo, emite juízos sobre literatura, e estes refletem as ideias da escola arcaizante latina da sua época. Como os Áticos, a cujo grupo se filia, quando escreve em grego, Frontão volta aos autores velhos. Ora estuda os mais antigos, como Plauto ou Catão, ora os escritores do fim da República, como Salústio e Cícero, cujas cartas aprecia mais que os discursos.

ESTILO

O estilo de Frontão é artificial, laborioso e trabalhado, como também cheio de termos antigos ou raros, tevelando, apesar de todo o seu esforço, acentuada falta de talento literário.

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