segunda-feira, 23 de maio de 2011

LITERATURA LATINA (LXXXII): ÉPOCA PÓS-CLÁSSICA - O ROMANCE [1ª PARTE]

Romances também tiveram seu lugar no período pós-clássico. Dentre os romancistas desta época podemos destacar:

CAIO PETRÔNIO

Deste, segundo os críticos, afirmou Tácito: "Inter paucos familiarium Neroni assumptus est, elegantiae arbiter, dum nihil amoenum et molle adfluentia putat, nisi quod ei Petronius adprobavisset", "Foi admitido entre os poucos dos que faziam a corte de Nero. Era o mestre da elegância e nada parecia bom e elegante se Petrônio não o aprovasse" (Annales, XVI, 18). É este Petrônio favorito de Nero, procônsul da Bitínia, porém, tendo sido acusado de participação na conspiração de Pisão, que visava matar o imperador, foi constrangido a abrir as próprias veias.

Os críticos dizem ser bem provável que este Petrônio taciteano seja o autor dos trabalhos intitulados nos manuscritos PETRONII ARBITRI SATIRICON e PETRONII ARBITRI SATIRICON LIBRI.

Ceia de Trimalquião
O romance em questão é uma mistura de prosa e verso, escrito, sem dúvida, na época de Nero. A identidade, porém, do autor com a personagem citada por Tácito funda-se principalmente na identidade onomástica. Uma grande parte do trabalho perdeu-se e daquilo que restou, merece atenção à CEIA DE TRIMALQUIÃO, um jantar oferecido por um rico onde se encontra uma excelente descrição do luxo da época, assim como dos vocábulos latinos populares. Outras partes que se devem dar atenção é A MATRONA DE ÉFESO, imitada por La Fontaine e A GUERRA CIVIL, uma paródia de Lucano.

COMPOSIÇÃO E ESTILO

Do que restou, pode-se deduzir que a composição é bastante livre, sendo mesmo mais uma série de aventuras do que uma obra com unidade. Contém, todavia, passagens primorosas, mas em alguns tópicos desce à licença desenfreada. 

Quanto ao estilo, é acessível e extraordinariamente natural, vivo, vigoroso e maleável. A língua, muito rica, adapta-se à condição social da personagem que a emprega. Enquanto as pessoas cultas usam um latim correto, puro e até um tanto rebuscado, os ignorantes se colocam a falar muito à vontade. Entres esses extremos, encontram-se todos os cambiantes da língua latina literária, familiar e vulgar. 
Paulo Barbosa.

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