quarta-feira, 29 de junho de 2011

VONTADE: APETITE RACIONAL DIFERENTE DO INSTINTO

A vontade é definida pelos filósofos como sendo um apetite ou inclinação racional, e, conforme Aristóteles, apetite penetrado de inteligência, ou melhor, inteligência penetrada de apetite. A definição escolástica de vontade é "Appetitus rationalis sequens intellectum seu tendens in objecta ab intellectu proposita", "Apetite racional que segue o intelecto ou tende para objetos propostos pelo intelecto". 

Depreende-se, pois, disto, que a razão humana, a um tempo é inteligência e vontade, miscigenando, se assim podemos dizer, ambos.

Disto também segue-se que é diferente a vontade humana, perpassada de inteligência, da impulsão do instinto animal, pois a vontade racional, sendo atividade imbuída de inteligência, apreende um objeto sub specie boni, ou seja, representado-o não simplesmente como suscetível de satisfazer uma determinada tendência ou apetite, mas também como significando um grau de apetibilidade ou de bem. A impulsão instintiva, por sua vez, é limitada à uma representação sensível, apreendendo o objeto somente sob o prisma em que este responde ao 'aqui e agora' a um apetite determinado, e por esse fato, a ação segue automaticamente a representação. 

Erra, portando, quem afirma ser a vontade humana - e a inteligência - da mesma natureza da do animal infra-humano, equiparando, num ato de ignorância crassa e pós-moderna - apetite perpassado de inteligência com impulsão instintiva infra-intelectual.
Paulo Barbosa.

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