sexta-feira, 17 de julho de 2009

A AMIZADE: INCLINAÇÃO ELETIVA DO HOMEM PARA SEUS SEMELHANTES

O homem possui inclinações sociais que têm como escopo o bem dos seus semelhantes. Umas são fundadas nos instintos primitivos, como a sociabilidade e a simpatia, outras fundam-se na livre escolha do homem como a amizade e o amor.
Trataremos aqui da amizade, inclinação eletiva que visa nos unir aos nossos semelhantes, tão desfigurada em nossos dias devido ao utilitarismo reinante na sociedade hodierna.
A amizade é uma disposição natural que faz o homem escolher um de seus semelhantes para ser o confidente de seus pensamentos, alegrias e tristezas, sendo também objeto de uma abnegação especial.
Aristóteles ensina haver três graus de amizade: amizade baseada no prazer; no interesse; e na virtude.
As duas primeiras não são sólidas nem verdadeiras, porque se fundam num princípio mutável, variável, interesseiro e egoísta.
A terceira, a amizade fundada na virtude, tem uma base nobre e estável, sustentando-se na adversidade como na prosperidade. Entre amigos verdadeiros, deve haver benevolência mútua e comunicação dos bens tanto da alma como do corpo; o amigo deve reconhecer e encontrar no outro amigo seus próprios sentimentos, devem desejar estar juntos e viver nas mesmas condições. A ausência é o mais pesado dos males. Tudo, entre verdadeiros amigos, é comum: pensamentos, alegrias, tristezas, gozos, bens do corpo e da alma, sofrimentos. O que funda esta participação de bens e de sentimento entre os amigos é a perfeita igualdade, como diz Sêneca: Amicitia pares invenit aut facit.
Por essa razão não pode existir amizade entre superiores e inferiores, pois não possuem ambos a igualdade requerida para tal. Excessão é feita quando os superiores se aproximam dos inferiores com o fim de anularem a distância que os separa.
O tempo é um dos fatores que solidificam, fortificam a amizade, e a infelicidade lhe serve de pedra de toque.
Paulo Barbosa.

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