quinta-feira, 16 de julho de 2009

O SUBLIME: O ÁPICE DA BELEZA

Da mesma maneira que a verdade e a bondade possuem graus, o belo também possui, sendo seu mais elevado grau chamado sublime.
Sublime é o maximo grau de beleza encontrado nas grandes coisas, das quais somos como que arrebatados e oprimidos, não havendo da parte do homem simples complacência ou deleite, mas antes uma grande admiração que termina sempre no estupor, na imobilidade inesperada. A qualificação de sublime predica-se do céu estrelado, da vastidão do mar plácido ou tempestuoso, de um vulcão esplendoroso emitindo suas lavas, de grandes obras artísticas como as Pirâmides egípcias, o Parthenon, o Coliseu, a Igreja de São Pedro, de algumas sinfonias de Beethoven, algumas tragédias de Shakespeare, algumas passagens da Ilíada, da Divina Comédia, etc.
Alguns autores afirmam que entre o belo e o sublimo existem apenas diferenças de grau, equanto para outros, uma diferença de natureza.
Na realidade os que afirmam a diferença de natureza estão com a razão por varios motivos, a saber:
a) O belo é concebido como possuindo uma forma e uma medida próprias, determinadas, enquanto o sublime contém a noção do ilimitado, do infinito;
b) O belo provoca admiração, enquanto o sublime sugere algum sofrimento, pois a alma, estupefacta pelo excesso, pela aparência de desordem, sente-se prostrada e aniquilada;
c) O belo é contemplado mediante um acordo entre a imaginação e o entendimento, e fica sempre proporcionado à capacidade das faculdades humanas, enquanto o sublime rompe este acordo, esmaga o poder da imaginação, apresentando-se com o elemento predominante de potência, que se pasma e subjuga.
Kant subdivide o sublime em sublime matemático e sublime dinâmico, exprimindo o primeiro a magnitude, a imensidade, e o segundo a potência e a força no grau máximo, supremo. Esta subdivisão, no entanto, é incompleta, pois não compreende o sublime moral.
Na realidade, a divisão do sublime deve ser em: físico, moral e artístico.
Sublime físico é o encontrado na natureza física, animada ou inanimada, quando nos oferece num grau eminente o espetáculo da grandeza e da potência divinas, como na erupção de um vulcão, num mar bravio, num céu estrelado, etc.
Sublime moral é a elevação suma dos sentimentos, da inteligência e da vontade, manifestando-se no homem com uma repentina e extraordinária energia. Exemplos podemos tomar da Antígona de Sófocles, do velho Horácio de Corneille, das palavras de Cristo crucificado: "Pae, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem".
Sublime artístico é o fornecido por algumas artes, particularmente pela arquitetura, a poesia e a música. As outras artes limitam-se a expressar o belo. A música e a arquitetura tiram sua força e sua energia do aspecto poético sob o qual se apresentam. Exemplos deste tipo de sublime são as sonatas de Beethoven, a esfinge, alguns episódios da Ilíada, da Eneida, da Divina Comédia, etc.
Paulo Barbosa.

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