sábado, 11 de julho de 2009

'IGNORATIO ELENCHI', O VÍCIO DOS PSEUDO-INTELECTUAIS

Ignoratio elenchi é um tipo de raciocínio falso, ilegítimo. Denomina-se também Ignorância do assunto ou do estado da questão. Consiste em provar coisa diversa do que está em discussão.
Admite três casos: ou se prova demais, ou não se prova bastante, ou se prova fora do assunto em discussão.
Procura-se saber, por exemplo, numa assembléia pública, se o país deve ou não fazer guerra. Um filósofo, opinando que toda a guerra é injusta, prova demais, porque ali não se discute acerca da guerra em geral, mas acerca de uma determinada guerra. Outro, provando que tal guerra seria vantajosa se desse bom resultado, não provaria bastante, pois não é suficiente que a guerra seja vantajosa; é preciso que seja justa e possível.
Outro, enfim, provará fora do assunto, sustentando que devemos trabalhar pela grandeza da pátria, como se não existissem outros meios de engrandecê-la senão a guerra.
Esse vício de lógica é muito frequente nas discussões entre os homens, sobretudo entre os pseudo-intelectuais dos vários setores,professores universitários, padres marxistas e modernistas, gurús carismáticos, que vivem sofismando para formar a burra opinião pública. Consiste em partir de uma questão formulada e desviar-se dela insensívelmente até fazê-la perder de vista ao ouvinte, e substituir-lhe, por uma hábil tática, outra questão. Substitui-se argumentos de princípios por quadros de efeitos e estímulos às paixões. Eis mais dois exemplos:
Um homem é acusado de falsificar cartões de crédito; foram-lhe apreendidos documentos comprometedores, máquinas para confecção, etc. O advogado não pode negar o crime; o que há de fazer? Provará que tal homem foi bom filho, bom marido, bom soldado, que se sacrificou pela pátria e pela família. O crime será encoberto por detrás de tantas virtudes, e o júri , ou mesmo o juíz, comovido declarará inocente o culpado.

A oposição acusa o governo de ter violado formalidades estipuladas na lei; o governo responde que procedera assim determinado pelo interesse geral.
E desta maneira o povo vai sendo iludido, enganado, sobretudo por falta de boa base de conhecimentos lógicos verdadeiros, certos, que erigem a inteligência e a põe de sobreaviso contra tal fraudulência tão cotidiana e familiar a todos nós.

Paulo Barbosa.

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