A inteligência humana na busca do conhecimento das coisas passa por três etapas distintas, porém conexas, três operações componentes do actus congnoscendi (ato do conhecimento): a simples apreensão, o juízo e o raciocínio.
A simples apreensão é o ato pelo qual a inteligência concebe uma idéia, sem dela nada afirmar ou negar; por meio dela a inteligência conhece a essência de uma coisa, sabe o que a coisa é, conhece sua estrutura interna.
Quando a idéia concebida é expressa verbalmente passa a chamar termo. Um termo, porém, não equivale a uma só palavra, mas pode ter várias palavras, como por exemplo: "uma ação brilhante" é um só termo, composto, porém, de 3 vocábulos.
O juízo é o segundo ato do intelecto humano pelo qual afirma-se a conveniência ou não-conveniência entre dois conceitos. No juízo há afirmação ou negação, diferentemente da simples apreensão, comportando, portanto três termos: um sujeito - o ser do qual se afirma ou nega alguma coisa; um atributo ou predicado - a coisa que é afirmada ou negada do sujeito; uma afirmação ou negação - expressa pelo verbo de ligação (verbo 'ser'). Vejamos um exemplo de juízo:
"O homem é mortal".
Consiste essencialmente em ligar o conceito 'mortal' a 'homem' por meio do verbo de ligação 'é'.
Para que o homem julgue, antes necessariamente dever ter tido algumas simples apreensões, adquirindo deste modo um conjunto de conceitos ou idéias para, no juízo, compará-las umas às outras.
Quando o homem exprime verbalmente o juízo interior tem-se o que se chama proposição, composta, como o juízo, dos mesmos três elementos: sujeito, predicado e verbo de ligação.
O raciocínio é a terceira e última operação da inteligência na busca de conhecimento e é definido como a operação pela qual a inteligência, de duas ou mais relações conhecidas, conclui uma outra relação, que delas decorre lógicamente. É a passagem de uma verdade conhecida a outra verdade ainda ignorada. Exemplo clássico de raciocínio é o seguinte:
Todo homem é mortal.
Ora, Pedro é homem.
Logo, Pedro é mortal
A expressão verbal do raciocínio é denominada argumento.
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Tivemos, pois, uma sintética visão de como a inteligência humana progride na busca do conhecimento, vencendo etapas, discorrendo, passando de uma atividade a outra, até chegar e finalizar no raciocínio, o ponto máximo a que todo homem chega na ordem da razão e que o diferencia dos demais animais que carecem desta capacidade, a capacidade de raciocinar, pois são irracionais.
Maiores esclarecimentos sobre esse tema são encontrados nos bons livros de Lógica, como por exemplo na "A ordem dos conceitos - Lógica Menor", Jacques Maritain - Agir.
Paulo Barbosa.
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