sexta-feira, 30 de abril de 2010

ATO E POTÊNCIA: INDÍCIOS DA CRIATURIDADE

Uma das divisões fundamentais do ser, de qualquer ser contingente, finito, criado, é a de Ato e Potência, de realidade e capacidade de ser. A potência  reconhecêmo-la em nós mesmos quando somos capazes de ser alguma coisa que ainda não somos, de adquirir o que ainda não possuimos, como por exemplo, o conhecimento de determinado setor do saber. A potência, pois, significa uma dualidade: por um lado é um não-ser, pois ainda não existe a realidade, o ato; e por outro, é mais que um não ser, pois é simultâneamente uma capacidade e uma disposição. É um meio termo, por assim dizer, entre o ser pleno e o nada, é carência e potência ao mesmo tempo.
O ato "est quando res est, non tamen est sicut in potentia", "é quando o ser existe, não como, todavia, na potência", conforme ensina Santo Tomás. O ato é a realização da potência, da capacidade para ser, é a perfeição de uma potência dada, como, por exemplo, a realização da capacidade de aprender matemática, no matemático.
A potência e o ato dividem o ser de tal maneira que tudo o que existe é ou ato puro, e portanto ilimitado, perfeição absoluta, ou misto de ato e potência, e portanto ser limitado, misto de imperfeição e perfeição, contingente, como todos os seres criados.
Potência e ato são, portanto, marcas de criaturidade, sinais de dependência, indícios de miséria, presença do não ser no âmago do ser, ser este que não subsiste por si, que não é autossuficiente. São, enfim, marcas incontestes da necessidade que toda criatura tem de receber o ser de outrem que o possui sem potência , sem carência ou capacidade, mas Ser pleno, perfeição infinita, Criador da criaturidade relativamente impotente.
Paulo Barbosa.

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