sábado, 27 de novembro de 2010

ASPIRAÇÃO AO INFINITO: PROVA DA SOBREVIVÊNCIA DA ALMA HUMANA

Um dos clássicos argumentos a favor da imortalidade da alma humana é o da relação entre o ser e o fim a que tende, relação esta que se adequa e atualiza de modo natural e que, quando é executada em todos os demais seres que não a alma humana, não levanta espanto de quem quer que seja. 
O professor espanhol Roig Gironella formulou este argumento de maneira impecável, indagando, no fim, por quê não aplicar ao ser humano também esta mesma lei que se estende a todos os outros seres. Eis o argumento:

Esta máquina escreve porque há conexão firme, indefectível, entre ela e um fim determinado, que é escrever. Escreve, simplesmente, porque está feita para escrever.

O agricultor semeia feijão porque sabe que colherá feijão e não outra coisa. É que há conexão segura, infalível, entre a natureza da semente que ele lança na terra e o fim a que esta semente tende, que é produzir feijão.

Na abelha há conexão entre seu organismo e o mel que produz. É que a abelha está feita para fabricar mel e não seda, por exemplo.

Os olhos são e estão feitos para ver, e para ver mediante estas radiações luminosas e não outra: existe perfeita adaptação entre sua natureza e sua função. E assim em tudo o que existe.

E esta conexão falhará precisamente no ser mais nobre e em sua aspiração mais nobre: a alma humana?
Esta, por natureza, sente tendência inata e múltipla para a felicidade interminável: todo o seu mecanismo conspira, dirige-se para um mais além feliz, sem fim, imortal. O presente não a satisfaz, pois aqui não se obtém o que se aspira, e por isso mesmo só para o mais além sem fim voltam-se todas as inclinações e tendências do ser humano.


Então, seria frustrada esta inclinação para a duração interminável? Não se satisfará somente neste ser que de muito ultrapassa a todos os demais seres? Seria em vão esta apetência, esta inclinação depositada no fundo do ser mais nobre da criação, o homem? Como assim? Só no homem existe esta vanidade? Os que não acreditam na duração infinda do homem, pode explicar? Ah, mas explicar raciocinando, fundamentando, na mesma altura do artigo.
Paulo Barbosa.

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