FRIEDRICH NIETZSCHE (1844-1900), sintomaticamente, foi o 'filósofo' contemporâneo que mais influência exerceu sobre a sociedade. Professor de filologia na Universidade de Basileia, Suiça, abandonou a cátedra para peregrinar pela Europa, criticando, em suas obras, os valores tradicionais estabelecidos, e enlouquecendo no final de sua vida.
A proposta ideológica de Nietzsche é denominada de niilismo, que significa a destruição total dos valores, o desmoronamento da civilização ocidental de dois mil anos, sem apresentar nada para substituí-la. É uma pura redução ao nada - nihil -, e daí seu nome niilismo.
Com Sócrates, Platão e Aristóteles, segundo o 'filósofo louco', começou a decadência da humanidade, ao se propor à conduta do homem regras morais, direcionamento para o fim último, busca da felicidade última que satisfaça a todas as inclinações humanas. Os verdadeiros filósofos, então, são os pré-socráticos, que reconheciam e exaltavam os instintos e as paixões sensuais como legítimos guias do homem, que estavam imbuídos do 'espírito dionisíaco', de Dionísio, deus do vinho e promotor da sensualidade desordenada, e é a este espírito, e àqueles filósofos, que a humanidade deve retornar para usufruir dos prazeres naturais hedonísticamente, e quem sabe, até se enlouquecer, como o fautor desta proposta.
Sustenta ainda, nas obras "Gaia Ciência" e "Assim falou Zaratustra", a morte de Deus, onde propõe que somente com a destruição total de todo sobrenatural, de tudo que é sinal do divino, o homem recupera a alegria de viver, os valores autênticamente humanos, transformando-se assim no super-homem - Untermenschen - ou seja, aquele homem que somente traz em si o sentido da terra, que somente é fiel ao terreno, ao mundano, que não presta mais fé em nada que seja sobrenatural, supra-terreno, raça privilegiada única digna de prevalecer e reinar sobre as demais, à qual pertencerá o futuro da humanidade.
Não foi sem fundamento, que as ideias nietzscheanas foram substratos para o nazismo de Hitler, e são ainda, em nossos dias, alimento de uma grande parcela da sociedade, parcela esta niilista, revolucionária, destruidora dos valores perenes conquistados pela humanidade durante séculos de autêntica civilização.
Paulo Barbosa.
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