domingo, 14 de novembro de 2010

QUAL DEVE SER A RELAÇÃO DO HOMEM COM AS COISAS?

O homem não possui direitos irrestritos sobre os seres inferiores - os animais, as plantas e os objetos inanimados de todas as espécies - , não podendo fazer deles o que bem lhe aprouver, não podendo degradá-los, destruí-los, fazê-los sofrer a seu bel-prazer, sem nenhuma lei que regule seus atos e relações com estes. Todavia, o fato de as coisas - e os animais são classificados como coisas também - serem desprovidas de racionalidade e de liberdade, nada tem em si de inviolável, nada possui em si que exija o respeito da parte do homem, pois não possuem a dignidade de fim em si, aquela dignidade ou nobreza que habilita ao amor e à estima por si mesmo, mas são essencialmente meios, o que significa dizer que a sua razão de ser, a realização plena de seu ser, está em servir aos fins do homem. Isso confere ao homem o direito, portanto, de dispor e usar das coisas de maneira conveniente para sua regalia, regalia esta que inclui a alimentação, o direito à proteção das intempéries do tempo, e até mesmo a diversão, a distração, tão necessárias para o equilíbrio do ser humano, para a harmonia psíquica.
Este direito, no entanto, como afirmado acima, não é irrestrito, não é ilimitado, não depende da vontade ou do capricho do homem, mas deve ser regulado pela razão, que ordena que o homem use das coisas de acordo com a natureza e necessidades a ela inerentes.
O que não se pode admitir, enfim, é o sentimentalismo exacerbado e ridículo de muitos indivíduos, de muitas sociedades protetoras dos animais, e até mesmo de vários denominados 'filósofos', que impugnam todo e qualquer tipo de disposição ou uso dos animais por parte do homem para fins científicos, recreativos, ou outros legítimos, concedendo aos brutos irracionais os mesmos direitos que aos homens. 
Paulo Barbosa.

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