sábado, 13 de novembro de 2010

O ESPÍRITO CLÁSSICO E SEU CONTRASTE COM O ESPÍRITO ROMÂNTICO

Que se entende por um autor clássico, por um estilo clássico? Muito se usa o termo, pouco, porém, se entende realmente seu significado. Começando pelo mais comum e geral, clássico, em relação a um escritor ou pensador, denota um modo específico de pensamento e sentimento dotado de excelência e bondade. Neste sentido, Cervantes, poeta espanhol, é denominado clássico. Um conceito, porém, mais profundo, mais filosófico, existe de clássico, do que seja espírito clássico, conceito este que pode ser reduzido a três notas características:

1. Predomínio da atenção ao diverso e diferencial sobre a atenção ao comum e geral;
2. Intuição das hierarquias dominantes nas variadas formas de realidade;
3. Respeito à objetividade.

O homem de espírito clássico, portanto, direciona seu olhar agudo e penetrante para o típico, o diferencial, o próprio, ao contrário do espírito romântico, que sob as diferenças busca o comum, o trivial, o geral e idêntico. Intui também o clássico facilmente a ordem natural das coisas, as hierarquias dominantes em todos os lugares, afirmando a variedade de valores existentes entre os seres, a distinção de perfeição entre as coisas, contrastando desta maneira com o romântico que considera ter tudo o mesmo valor, que não existem coisas mais ou menos perfeitas e valiosas, que nenhum valor é superior a outros, que todos somos iguais e todos valemos o mesmo. Por último, o respeito à objetividade, consequência natural das duas notas precedentes, onde o espírito imbuído de classissismo não finge, não inventa a realidade, não a constrói, não projeta seus gostos, seus desejos próprios, suas vontades, suas fantasias, sua ânsia de mudar o mundo, mas, pelo contrário, respeita a realidade, diante dela inclina-se humildemente, se rende e se entrega ante a objetividade do real, muito diferentemente do romântico - e aí vemos o quanto o comunismo é romântico -, que é soberbo ao ponto de julgar que o mundo é obra sua, obra de seu próprio pensamento, produto das leis mais íntimas do pensar humano, mundo este que deve estar submetido ao querer e ao gosto humanos, que o homem deve e tem de transformá-lo a seu bel-prazer, pensando poder criar o que foi perdido um dia, o Paraíso Terrestre.
Paulo Barbosa.

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