As virtudes cardeais, ou seja, aquelas principais, em torno das quais giram todas as demais, são em número de quatro: Prudência, Justiça, Temperança e Fortaleza.
Esta divisão é de Aristóteles, citada por Cícero na sua obra De Officiis, sobre os ofícios. Sendo cardeais, devem abranger todas as outras e dispor todas as faculdades do homem para o bem.
A divisão destas virtudes foi efetuada de acordo com as faculdades humanas: a inteligência, a vontade, a sensibilidade concupiscível e a irascível.
A prudência, também denominada sabedoria, é virtude moral que aperfeiçoa a inteligência, consistindo no hábito de discernir o bem e o mal, de ver a bondade ou a malícia dos atos humanos, não se curvando perante as paixões;
A justiça é virtude própria da vontade, podendo possuir três sentidos:
1) O sentido geral, que significa a fidelidade a todos os deveres;
2) O sentido menos geral, que significa o cumprimento dos nossos deveres sociais;
3) O sentido mais comum, que significa o respeito dos direitos do próximo.
A justiça considerada como virtude cardeal é a tomada no sentido geral.
A temperança, por sua vez, aperfeiçoa o apetite concupiscível, aquele apetite que se dirige para o bem sensível em vista de alcançá-lo. O bem sensível, no entanto, quando separado do bem honesto, não deve seduzir o homem, ou dizendo de modo diferente, o homem deve resistir ao bem sensível separado do bem honesto, e o que refreia tal apetite é a virtude da temperança. Esta modera, portanto, e coloca em justos limites o que lisonjeia os sentidos e o que poderia, pela sedução do prazer sensível, arrastar ao homem fora do seu dever.
A fortaleza, enfim, aperfeiçoa o apetite irascível, aquele que objetiva levantar-se contra o mal sensível ou contra o obstáculo ao bem desejado. Firma, dirige e auxilia a vontade na procura do bem, e produz no homem a esperança, a coragem, e a audácia, virtudes derivadas sua.
Paulo Barbosa
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