quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

RUI BARBOSA E O PARECER SOBRE A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

RUI BARBOSA (1849-1823), o 'Águia da Haia', homem de gênio, espírito multiforme, jurista renomado, possuidor uma grande biblioteca com obras raríssimas do classissismo de todos os povos, conhecedor de várias línguas, sobretudo a inglesa - pois esteve foragido durante o governo de Floriano Peixoto na Inglaterra - era chamado de 'biblioteca ambulante' devido à sua extraodinária cultura.
Possuiu em alto grau a inteligência, a vontade e a memória; foi um dos maiores prosadores da língua portuguesa. Seu estilo é parecido com o de Vieira, de quem sempre se confessou grande admirador: cheio de vôos altos, de adjetivação precisa, de antíteses vibrantes, devendo-se notar, porém, que seus períodos são mais longos que os dele e mais carregados de adjetivação.
O "Águia de Haia" foi quem diagnosticou com muita precisão a necessidade de uma educação pra valer, séria, profunda, integral, educadora, formadora do homem, tanto no ensino secundário quanto no superior, para que, por este meio, pela cultura e pela civilização, o homem brasileiro pudesse ter possibilidades de sair das desgraças sociais que o atingia em sua época, e que podemos afirmar, ainda o atinge em nossos dias no século XXI: a servilidade e a miséria. Este diagnóstico está resumido no que se convencionou chamar "Parecer de Rui Barbosa", um dentre tantos pareceres emitidos acerca da educação,    onde se diagnostica e se oferece soluções para os males que abatem ao homem e à nação:
Ao nosso ver, a chave misteriosa das desgraças que nos afligem é esta e só esta: a ignorância popular, mãe da servilidade e da miséria. Eis a grande ameaça contra a existência constitucional e livre da nação; eis o formidável inimigo, o inimigo intestino, que se asila nas entranhas do país. Para o vencer, releva instaurarmos o grande serviço da "defesa nacional contra a ignorância", serviço a cuja frente incumbe ao parlamento a missão de colocar-se, impondo intransigentemente à tibieza dos nossos governos o cumprimento de seu supremo dever para com a pátria. Pertencendo ao continente americano, temos tido até hoje a desdita de acharmo-nos completamente fora do ambiente das ideias que têm sido o segredo da preservação e da grandeza da heroica república do norte, cuja civilização deslumbra o mundo. Os patriarcas, os pais da independência americana, como lhes chama o reconhecimento filial do povo, tinham a mais nítida intuição de que a cultura da alma humana é o primeiro elemento, não só moral, como econômico e político da vida de um Estado. Washington, na sua primeira mensagem anual ao Congresso, advertia-o de que "a instrução, em todos os países, é a base mais estável da prosperidade pública". 

Pena que nada mudou desde estas invectivas de Rui, e se mudou, foi para piorar, para alijar pra mais longe ainda as ideias que são o segredo da preservação e da grandeza heroica de uma nação.
Paulo Barbosa.

Um comentário:

Lilia disse...

Acredito na educação como forma de modificar o nosso país. Rui Barbosa é atual. Compartilhei.