terça-feira, 14 de dezembro de 2010

TRAGÉDIA GREGA: QUE É E QUAIS OS MAIORES TRAGEDIÓGRAFOS

A Tragédia foi definida por Aristóteles na Poética, capítulo VI, como "a imitação de uma ação séria e acabada, que possui grandeza, que compraz pela palavra, com separação de cada uma das espécies em partes, através da atuação e não de um relato, que por meio da piedade e do medo consuma a purgação dessas afecções", ou seja, a tragédia possui ação cartártica, purificadora das emoções humanas, segundo o Filósofo.
A origem desta forma dramática de conflito, segundo os historiadores, é a religião, e seu siginificado etimológico é 'cantos ao bode" por ter sido em seus inícios ditirambos em honra ao deus Dionísio, o deus trágico que tinha o bode como animal sagrado.
Os três maiores tragediógrafos gregos foram Ésquilo, Sófocles e Eurípides.
ÉSQUILO, o mais antigo dos poetas trágicos, nasceu em Elêusis, cidade que fica cerca de 30 quilômetros ao noroeste de Atenas, no ano 525 a.C. Introduziu mais atores no drama, que a princípio constavam apenas de dois. Antes de aparecer como escritor, aos vinte e cinco anos, combateu nas batalhas de Salamina e Maratona. Foi considerado na Grécia como o melhor trágico até quando despontou no cenário o jovem Sófocles que o derrotou. Com grande desgosto retirou-se, então, para Géla, na Sicília, onde morreu em 459.
Legou à posteridade as seguintes obras: "Os Persas", ótimo cântico de triunfo pela vitória de Salamina - batalha travada entre os gregos, comandada por Temístocles, e os persas, liderada por Xerxes, finalizando com a vitória da Grécia após várias derrotas sofridas -; "As Suplicantes", uma das mais antigas e belas tragédias - Dânao e suas 50 filhas, de origem grega, porém assumidas culturalmente como egípcias, fugiram por não quererem se casar com os filhos do rei do Egito para se manterem livres e virgens. Quando perseguidas pelos egípcios, começaram as Danaidas a carregar ramos suplicando aos deuses proteção, sobretudo Zeus, Hermes, Poseidon e Apolo -; "Os Sete Contra Tebas", que narra uma guerra fratricida de sete príncipes que se dirigem a Tebas pata destronar o rei impostor; e "Prometeu Acorrentado", onde evoca-se o célebre caso do herói da mitologia grega.

SÓFOCLES, célebre trágico nascido em Atenas em 496. Aos vinte e oito anos deu ao teatro sua primeira tragédia. Introduziu 102 inovações dramáticas e 20 dramas satíricos. Sempre foi o non plus ultra nos concursos épicos que se realizavam com frequência, e num destes foi o sublime vencedor de Ésquilo.
Morreu em Atenas em 405 a.C., e em seu túmulo foi gravado um sereia e oferecidos sacrifícios. "Édipo rei" e outras peças de sua autoria ainda são representadas hoje em dia em várias partes do mundo.
Escreveu: "Édipo rei", tragédia muito admirada por Aristóteles - onde narra a estória de Édipo, príncipe de Corinto, que certo dia é informado por um bêbado que não é filho legítimo do rei Políbios. Édipo perturbado recorre ao Oráculo de Delfos para consultar a Piton, que não lhe revela se é ou não filho do rei, mas lhe informa que está destinado a matar seu pai e se casar com sua mãe. Após essa revelação, foge de Corinto para Tebas, começando, então, toda sua tragédia -; "Filocteto", tragédia apresentada nas Dionísias Urbanas, quando Sófocles tinha cerca de 87 anos, ganhando o primeiro lugar. - Narra-se a vida de um dos chefes de contingentes da Tessália que participaram da Guerra de Tróia, chamado Filocteto, exímio arqueiro, detentor do arco e das flechas de Héracles. Durante sua ida para Tróia, foi picado por uma cobra d'água, e o ferimento no pé era muito doloroso a ponto de lhe arrancar gritos lancinantes. Os aqueus, incomodados com o mau cheiro exalado da ferida, abandonaram Filocteto na ilha de Lemnos -; "Ajax", uma das tragédias mais admiradas - narra a estória de Ajax, filho de Télamon, o mais proderoso guerreiro grego depois de Aquiles; enlouquece por não ter recebido as armas divinas do amigo Aquiles, após sua morte, e, em vez de atacar os inimigos, massacra rebanhos. Após notar seu feito, suicida-se -; "Édipo em Colono", onde relata os últimos dias da vida de Édipo, já cego, velho, mendigo e expatriado, ou seja, expulso de sua Tebas pelos próprios filhos que mais se interessam pelo trono que pelo pai, e este caminhando chega até Colono, território ateniense, solicitando aí a proteção de seu rei, Teseu -; "Electra", tragédia que não se sabe a data certa e provavelmente foi apresentada nas Dionísias Urbanas - narra a vingança de Orestes que, afastado de Argos durante muitos anos, retorna para vingar a morte de seu pai Agamêmnon, e após ter encontrado a irmã Electra, consegue entrar no palácio e matar Egisto e Clitemnestra.

EURÍPIDES, o último dos três grandes trágicos, nasceu na ilha de Salamina em 480 e morreu na Macedônia em 406 a.C. Aos vinte e cinco anos apresentou sua primeira comédia dramática "Peliades". Era misógino convicto, ou seja, tinha ódio extremo às mulheres. Retirando-se para a corte de Arquelau, rei da Macedônia, foi assassinado por mulheres exaltadas, segundo a tradição.
Deixou mais de setenta e cinco tragédias, mas as mais conhecidas são: "Ifigênia em Táurida", onde narra Agamemno que manda sua filha Ifigênia vir até seu palácio, em Táurida, para lhe matar, porém, arrependendo-se mais tarde, tenta enviar um ancião até ela para lhe revelar o que realmente ia lhe ocorrer; "Medeia", tragédia apresentada no teatro dos Dionísios em 431 a.C., que retrata uma mulher bipolar, carregada de amor e de ódio, esposa repudiada, estrangeira perseguida, revoltada contra tudo o que a rodeia, que mata os filhos para vingar-se do marido Jasão que a abandona e sai em busca de outra; "As Bacantes" é uma tragédia que narra a morte de Penteu, rei de Tebas, trucidado pelas Bacantes, por não ter consentido a introdução do culto de Dionísio. Bacantes era o nome das sacerdotisas que celebravam os mistérios de Baco, deus das orgias, das bebidas embriagantes, chamado também de Dionísios, na Grécia; "Helena", onde narra a estória de Helena, causadora da guerra de Tróia e de todas as desgraças subsequentes; e "As Troianas", apresentada nas Dionísias Urbanas em 415 a.C., recebendo o segundo lugar - narra o pós guerra em Tróia, quando todos o troianos foram mortos pelos gregos e as mulheres foram escravizadas e divididas entre os mesmos.
Paulo Barbosa.

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