ARGUMENTO INDUTIVO: LEGÍTIMO PROCESSO DE ACESSO À VERDADE

A ARGUMENTAÇÃO INDUTIVA consiste numa série mais ou menos numerosa de proposições particulares coordenadas entre si, de cujo complexo se extrai uma proposição geral que representa sinteticamente a todas as particulares, como por exemplo a seguinte:

O ouro dissolve-se pela ação do fogo; 

Do mesmo modo o cobre, o estanho, o chumbo, o ferro, etc.;

Logo, todo metal (conhecido ou desconhecido) se dissolve pela ação do fogo.

Quando na enumeração se compreendem todas as proposições particulares que servem de fundamento à conclusão geral, a argumentação indutiva denomina-se completa, como seria a do exemplo exposto acima se nela se fizesse expressa menção de todos e cada um dos metais em particular. 

Quando a enumeração é somente parcial, e portanto a conclusão é ostensivamente mais extensa que as premissas, a argumentação denomina-se incompleta ou imperfeita, como por exemplo, se pretendesse provar por indução que todos os homens pensam. 

No primeiro tipo - o perfeito -, dá-se uma perfeita equação entre o conjunto das premissas e a conclusão; no segundo, quando bem fundamentada, não é menos legítima, sendo suprida pela razão a deficiência da observação.

REJEIÇÃO DO ARGUMENTO INDUTIVO.  OS CISNES NEGROS.

Cisne Negro

No século XVIII, Hume desprezou o argumento indutivo julgando que por esse meio não se consegue alcançar a verdade, e a partir daí duas correntes delinearam-se na História, a dos que o aceitam como argumento legítimo e a dos que o negam. Seus negadores pensam ter um argumento forte, o dos cisnes negros, que provaria, portanto, a ilegitimidade da indução. - Até o século XVII não se tinha nunca observado um cisne negro por qualquer homem na parte ocidental do mundo, e devido a isso acreditava-se que todos os cisnes eram brancos. No entanto, em 1697, na Austrália, foi encontrado um cisne negro,e a partir desse momento, muitos começaram a usar este fato como se fosse um problema para a indução (vide: http://pt.encydia.com/es/Problema_da_indu%C3%A7%C3%A3o ).

Ora, o argumento dos cisnes não têm valor, pois a indução é um tipo de raciocínio que examina judiciosamente numerosos casos particulares para daí concluir que CERTOS PREDICADOS DEVEM SER ATRIBUÍDOS A TAL SUJEITO A TÍTULO DE PROPRIEDADES, ISTO É, POR UMA NECESSIDADE DE NATUREZA, E QUE PORTANTO, FORMULA COMO LEI GERAL A EXISTÊNCIA DESSAS PROPRIEDADES EM TODOS OS CASOS, ATUAIS E POSSÍVEIS EM QUE TAL NATUREZA FOR ENCONTRADA. 

A cor não é uma propriedade de qualquer sujeito que seja, não é um acidente que inere no sujeito a título de necessidade natural, mas sim um acidente que pode ser modificado ou suprimido, por não ser integrante, defluente do sujeito. Daí, nunca a proposição todo cisne é branco foi uma conclusão de um argumento indutivo legítimo. 

Paulo Barbosa.