sábado, 15 de janeiro de 2011

FILOSOFIA DA ARTE DE ARISTÓTELES E SUAS NOTAS PRINCIPAIS

Aristóteles (384-322 a.C) formulou, ou melhor fundou, a filosofia da arte, que vem tratada na Poética, na Retórica e nos Tópicos. Não sistematizou ou classificou as artes, mas considerava que a poesia tem por finalidade expressar de modo melhor uma verdade universal, e por isso ultrapassa em dignidade a História:
"A poesia é alguma coisa de mais filosófico e de mais elevado do que a história, pois de preferência a poesia fala de generalidades, e a história, de pormenores particulares" (Poética e Retórica, IX, III). 
NOTAS PRINCIPAIS DA ARTE ARISTOTÉLICA: IMITAÇÃO E CATARSE 

Duas notas dão a tônica à teoria da arte aristotélica, a imitação e a catarse. Para o estagirita a arte consiste na imitação ativa, entendendo esta no sentido de que o artista comunica-se com a essência de uma coisa, de um objeto, de uma criatura, e estabelecida esta comunicação, produz em sua fantasia algo parecido ao que a natureza produz na realidade, criando por imitação, e não copiando ou retratando

Já o conceito de função catártica presta-se a inúmeras interpretações, mas pode-se dizer que o sentido geral desta célebre doutrina é que através da arte - teatro, música, dança etc. - em que se vive de maneira fictícia paixões que de outro modo tenderiam a manifestar-se na realidade, se produz uma espécie de descarga das próprias paixões que vão se acumulando dia após dia. O padecer produzido pela ficção artística liberaria do padecimento real, pois a paixão vivida no ambiente da arte se torna clara e calma, desenvolvendo na alma a serenidade.
A catarse seria, então, a cura de certos estados de excitação psíquica ao se ter contato ou participação com certas artes. Diz Aristóteles,
"Toda paixão existe em germe no fundo de nossa alma, e aí se desenvolve mais ou menos, segundo os temperamentos. Comprimida no nosso íntimo, ela nos agitaria como um fermento interior; a emoção excitada pela música e pelo espetáculo oferece à paixão um meio de libertação, e é assim que a emoção purga a alma e a alivia com um prazer sem perigo" (Poética e Retórica, 13).
A CATARSE ANTES DE ARISTÓTELES

A palavra catarse, significando purificação, evacuação ou purgação, tinha sido já usada pelos órficos, pitagóricos e por Platão, para designar o período de purgação por que deviam as almas dos defuntos passar antes de serem admitidas no reino dos justos, ou antes de se reencarnarem. Aristóteles, no entanto, a empregou em sentido diverso, criando sua doutrina da purificação mediante a arte.
Paulo Barbosa.

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