sábado, 1 de janeiro de 2011

A NATUREZA DO BEM E SUAS ESPÉCIES

O BEM é definido em Filosofia como aquilo para o qual tendem todas as coisas, "quod omnia appetunt". Em outros termos, o bem é o ser que possui capacidade de satisfazer um desejo, e esta capacidade existe na medida em que este ser é perfeito, na medida em que está em ato.
O bem sendo aquilo que todas as coisas desejam, forçosamente tem de possuir perfeição, pois somente a perfeição é desejável; uma coisa possui perfeição na medida em que está em ato, e algo está em ato enquanto possui ser. Disto vemos que o bem e o ser se convertem, ou seja, que o bem e o ser são idênticos, com a diferença apenas de que o bem possui ou implica aquilo que se denominada 'razão de apetibilidade', enquanto o ser não a exprime.
Sendo o bem convertível com o ser, possui as mesmas modalidades que este. Segundo a tradição filosófica, o bem é dividido em três grandes categorias: honesto, últil e deleitável.
O bem honesto - bonum honestum - é aquele que é o simples termo do movimento apetitivo, do desejo, que é o fim colimado ou visado pela vontade, possuindo em si a capacidade intrínseca de satisfazer;
O bem útil - bonum utile - é aquele que é desejado a título de meio para se alcançar um bem maior, como por exemplo, um medicamento que tem por fim restaurar a saúde;
O bem deleitável - bonum delectabile - é aquele que traz deleite ou prazer a quem o possui, sendo próprio dos seres dotados de afetividade, ou seja, os animais irracionais e o homem.
Destas três espécies, a que possui a primazia é o bem honesto, amável por si mesmo, enquanto as outras duas devem estar subordinadas a ele. Dissociar o bem últil, e sobretudo o deleitável, do bem honesto, é uma infração que desordena o ato humano, tornando-o irregular e mau, ao mesmo tempo que equipara o infrator aos animais brutos, irracionais, que só podem ter acesso aos dois tipos inferiores do bem.
Paulo Barbosa.

Nenhum comentário: