sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

LITERATURA LATINA (IX): A PROSA RETÓRICA DO PERÍODO ARCAICO. [1ª PARTE]

INTRODUÇÃO GERAL

Os Romanos sempre foram melhor dotados para a eloquência do que para a poesia. No entanto, quando o helenismo se difundiu entre eles, compreenderam logo o quanto, até para arte da palavra, podiam ganhar com o estudo e imitação dos gregos. Por causa disso, os maiores oradores romanos reproduziam, tanto na composição quanto no estilo, as formas literárias que se haviam desenvolvido espontaneamente na Grécia.

Grande número de gregos estabeleceram-se em Roma no século II antes de Cristo, e aí ensinavam eloquência servindo-se da língua materna, o grego. Em 161 o Senado decretou a expulsão dos filósofos e rétores gregos, porém pouco adiantou esta medida, voltando rapidamente os tais e recomeçando a ensinar.

No começo do século I antes de Cristo, rétores latinos - rhetores Latini -, em oposição aos rhetores Greci, abriram também suas escolas, e a arte que ensinavam era toda grega, porém a exposição era ministrada em latim. Dentre tais rétores, L. Plócio Galo foi o mais célebre, sendo ele o primeiro que abriu, em 93 a.C., uma escola de retórica latina.

Em 92 a.C., os censores Cneu Domício Aenobarbo e Lúcio Licínio Crasso promulgaram um decreto ordenando a expulsão dos rétores latinos, mas certamente este decreto não surtiu nenhum efeito.

De qualquer modo, a retórica grega espalhou-se cada vez mais em Roma durante os séculos II e I a.C.

De todos os oradores desta época, restam-nos apenas fragmentos, e a fonte pela qual se conhece a eloquência deles é o Brutus de Cícero. Entre os mais célebres, destacam-se os seguintes:

 CORNÉLIO CETEGO

CETEGO, cônsul em 204. Segundo Cícero, seria ele o mais antigo romano de quem há provas de ter sido eloquente, ao menos no juízo de seus contemporâneos.

MARCO PÓRCIO CATÃO

Catão
CATÃO (234-149 a.C.), foi um dos melhores oradores, ou talvez o melhor de seu tempo, mas somente no final da vida escreveu seus principais discursos pronunciados em sua longa carreira. No tempo de Cícero, 50 destes discursos ainda existiam, mas hoje restam-nos apenas fragmentos, suficientes, contudo, para deixar entrever o que foi esta eloquência catônia, firme, vigorosa, límpida, rica de chistes, de espírito, de arrojo, mas ainda um tanto rude, talvez devido a ser pouco sensível à arte grega.

SÉRVIO SULPÍCIO GALBA

GALBA, foi cônsul em 144 a.C. Em 193, quando era pretor, numa guerra contra os Lusitanos, enganou-os proclamando a paz e exigindo a deposição das armas, e após isto chacinando-os, mas escapando o grande Viriato. Foi grande orador de seu tempo.

CORNÉLIO CIPIÃO

CIPIÃO (185-129 a.C.), chamado "o Segundo Africano", inimigo de Catão, mas homem amável, distinto, cultor das letras como os gregos seus metres, e ainda grande general.

CAIO LÉLIO 

LÉLIO, cônsul em 140, amigo de Cipião, bom orador. Era um dos membros do Círculo dos Cipiões.

TIBÉRIO GRACO E CAIO GRACO

Irmãos Gracos
TIBÉRIO GRACO (163-132 a.C.), tribuno em 133, e CAIO GRACO (154-121 a.C.), tribuno em 123-122. Ambos os irmãos haviam aprendido retórica grega com mestres asiáticos, mas dos dois era Caio o mais bem dotado; este, também pela riqueza e abundância de estilo, lembrava mais o gênero asiático, dispondo da palavra com veemência e paixão, em contraste com o irmão Tibério, que era mais calmo e mais tranquilamente correta.

MARCO ANTÔNIO

Marco Antônio
MARCO ANTÔNIO (143-87 a.C.), avô do triúnviro, foi cônsul em 99. Mais célebre como advogado do que como político. Seus discursos eram marcados mais pela composição e ação do que pelo estilo. Não os publicava para ter a possibilidade de se contradizer, se caso fosse necessário. No entanto, contra a sua vontade foi publicado um pequeno tratado que compusera sobre a eloquência, intitulado De ratione dicendi.


LÚCIO LICÍNIO CRASSO

Licínio Crasso
LICÍNIO CRASSO (140-91 a.C.), cônsul em 95, foi o maior orador do seu tempo. Autor do decreto contra os rétores latinos, que ele censurava por insistirem demais nas minúcias técnicas, deixando de lado a formação geral. Mas com certeza foi Crasso discípulo dos gregos, seja diretamente, seja por intermédio do seu mestre, o historiador Célio. Possuía extensos conhecimentos, sobretudo jurídicos. Era digno ao falar, possuindo clareza, espírito, e seu mérito principal era a opulência e a beleza do estilo. Estava evidentemente vinculado à escola asiática, que por ele era imitada na atenção que dispensava ao número oratório.

QUINTO MÚCIO CÉVOLA

CÉVOLA (140-82 a.C.) famoso jurisconsulto, um dos autores dos direitos civis, autor de manual de leis intitulado Liber Singularis, e dono de uma oratória que foi elogiada por Cícero.

MÁRCIO FILIPO

FILIPO (falecido em 82 a.C.), foi cônsul em 95. Cícero disse dele que merecia o terceiro lugar como orador depois de Crasso e Antônio. Falava com liberdade, com grande capacidade de desenvolver suas ideias. Era estupendamente sarcástico e agudo no duelo dialético, e sabia usar com maestria de improvisações.

CAIO JÚLIO CESAR ESTRABÃO

ESTRABÃO, foi edil em 90 a.C. Era um homem de muita argúcia e espírito.

PÚBLIO SULPÍCIO RUFO

SULPÍCIO RUFO (124-88 a.C.), foi político romano, orador vigoroso e que sabia arrebatar aos ouvintes.

CAIO AURÉLIO COTA

COTA (nascido em 124 a.C.), foi cônsul em 75. Mais calmo que Sulpício Rufo, entretanto conseguia os mesmos efeitos devido a habilidade que tinha com a argumentação.
Paulo Barbosa.

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