LITERATURA LATINA (VIII): A PROSA HISTÓRICA DA ÉPOCA ARCAICA

INTRODUÇÃO

Tanto a prosa literária quanto a poesia desenvolveram-se em Roma sob a influência do helenismo, começada no período arcaico, como já visto, porém, a prosa apareceu somente algum tempo após a poesia, e isto devido a  ter sido a maioria dos prosadores homens da ordem senatorial até a época de Sila, no século I a.C., enquanto os poetas eram homens de condição muito mais humilde.

O gêneros literários, na prosa, mais cultivados, foram a História/Memória, a Eloquência, obras Jurídicas e sobre a agricultura, restando-nos apenas fragmentos de todos estes escritos.

PROSA HISTÓRICA

Os historiadores mais antigos de Roma eram chamados ANALISTAS, pois limitavam-se a enumerar os fatos mais importantes ano por ano, como por exemplo nos annales pontificum, anais dos pontífices. 

Os principais analistas foram:

FÁBIO PICTOR

PICTOR (fim do século III e começo do II a.C.), autor de um livro em grego onde narrava a história romana desde a chegada de Enéias à Itália até o fim da segunda Guerra Púnica. Compôs também alguns Anais em latim. No entanto, alguns estudiosos pensam que os Anais latinos, citados com seu nome, sejam traduções simples de sua obra grega, escrita por ele mesmo ou por outro romano, ou mesmo por outro autor de nome Pictor, que teria produzido muito mais tarde, pelos meados do século II.

LÚCIO CÍNCIO ALIMENTO

ALIMENTO (século II a.C.), romano de origem plebéia, tornando-se senador e pretor na Sicília em 210. Foi autor de um Annales em grego, onde celebrava a grandeza de Roma contando sua história desde as origens até a segunda Guerra Púnica. Hoje restam muito pouco fragmentos desta obra.

C. ACÍLIO

ACÍLIO (viveu por volta de 155 a.C.), autor de um Anales em língua grega, onde narra a história de Roma desde as origens.

QUINTO CLÁUDIO QUADRIGÁRIO

QUADRIGÁRIO (viveu no século I a.C.), autor de Annales, Historiae ou Rerum Romanarum Libri, em 23 livros, onde narra desde a tomada de Roma pelos gauleses até a morte de Sula.

MARCO PÓRCIO CATÃO

Catão

CATÃO (234-149 a.C.), considerado o verdadeiro criador da prosa latina, foi um escritor profícuo. Nasceu em Túsculo, no Lácio. Dentre várias obras, deixou-nos a histórica Origines, as Origens, onde expôs a história romana desde a chegada de Enéias à Itália. É obra feita na sua velhice, e nela trabalhou quase até a morte, pois refere a acontecimentos ocorridos em 149, ano de seu falecimento.

LÚCIO CÁSSIO HEMINA

HEMINA (cerca de 200-146 a.C.), romano, autor de um Annales em latim, onde narra a história de Roma desde as origens. Hoje restam apenas fragmentos da obra.

LÚCIO CALPÚRNIO PISÃO FRUGI

PISÃO FRUGI, cônsul em 133 a.C., autor de um Annales em latim, com o mesmo conteúdo dos demais, a saber, a história de Roma desde suas origens.

Q. SEMPRÔNIO TUDITANO

TUDITANO, consul em 129 a.C., autor de um Annales em latim semelhante aos demais.

LÚCIO CÉLIO ANTÍPATRO - O PRIMEIRO MONOGRAFISTA

Célio Antípatro

CÉLIO ANTÍPATRO (viveu na segunda metade do século II), foi o primeiro a escrever não já uma história desde os mais remotos tempos, mas uma monografia. Escolheu por assunto a segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.) e esforçou-se por fazer uma obra de caráter literário. Imitando aos historiadores gregos, inseria na narrativa relatos fictícios, porém prestava atenção bastante ao estilo e sobretudo ao ritmo, para o que mudava a ordem das palavras quando se fazia necessário. O resultado disso, no entanto, correspondia apenas imperfeitamente ao esforço empenhado, tanto que Cícero qualifica Célio de omnino rudis, totalmente rude.

Tito Lívio fez grande uso dele em sua terceira década.

SEMPRÔNIO ASELIÃO

SEMPRÔNIO (fim do século II), narrou a história romana de seu tempo em estilo ainda inferior ao de Célio.

PROSA MEMORIALISTA

A partir da época dos irmãos Gracos (Tibério, o mais velho [164-133 a.C.], Caio Semprônio, o mais jovem [160?-121 a.C.]), diversas personagens começaram a escrever Memórias, ou seja, a História de sua própria vida. Destacam-se entre os memorialistas:

MARCO EMÍLIO ESCAURO

ESCAURO (nascido em 162 e cônsul em 115), o dono da melhor adega da Antiguidade, contando mais de 300 mil ânforas de todos os vinhos conhecidos de então. Era casado com uma das filhas dos Metelos, aristocratas romanos, e foi autor de um livro do gênero literário das Memórias.

PÚBLIO RUTÍLIO RUFO

RUTÍLIO RUFO (cônsul em 105 a.C.), autor de uma Mémorias.

QUINTO LUTÁCIO CÁTULO

LUTÁCIO CÁTULO (cônsul em 102 a.C.), foi filósofo, orador, escritor de poesia e prosa, dentre elas uma no gênero das Memórias.

LÚCIO CORNÉLIO SILA ou SULA

SILA (138-78 a.C.), foi um general romano, autor de Memórias, livro este que foi utilizado por escritores posteriores, como Salústio e Plutarco.

Paulo Barbosa.