terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

LITERATURA LATINA (VI): TRAGÉDIA E TRÁGICOS DO PERÍODO ARCAICO

INTRODUÇÃO

Tragédia em Roma
A tagédia foi introduzida em Roma por Lívio Andronico, portanto no período arcaico, e cedo foi cultivada por numerosos poetas. Apesar disso, todas as grandes tragédias compostas no tempo da República desapareceram, restando apenas fragmentos, e insuficientes para se julgar se possuíam ou não valor comparável ao das comédias.

As tragédias eram bastante apreciadas pelos romanos, e a maior parte delas eram imitações das peças gregas. Eram denominadas de Fabulae praetextatae ou praetextae, pelo fato de as personagens usarem a toga pretexta, vestimenta romana branca, orlada de púrpura, usadas pelos reis, sacerdotes, magistrados, donzelas e  rapazes menores de 17 anos.

Entre os numerosos trágicos latinos, sem contar Lívio Andronico, Névio e Ênio, os mais célebres foram Pacúvio e Ácio.

MARCO PACÚVIO

PACÚVIO (220-130 a.C.), nascido em Brindes, região da Calábria, Itália. Era sobrinho e discípulo de Ênio, e por este foi levado para Roma. Exerceu a arte de pintor, tendo feito uma obra para o templo de Hércules, segundo relata Plínio, o Velho, mas sua fama mesmo adveio de ter sido considerado o maior trágico latino. Após passar bom tempo em Roma, dirigiu-se para Tarento, cidade da Magna Grecia, ao sul da Itália. 

OBRAS

São conhecidos 12 títulos de tragédias da lavra de Pacúvio, todas imitadas dos gregos, como por exemplo, ARMORUM IUDICIUM, que só possuímos fragamentos hoje; DULORESTES, também fragmentada; HERMIONA, etc., e também de uma praetextata (persongens trajando a toga pretexta), PAULUS, que narrava episódios da vida de Paulo Emílio, famoso general e político romano, num estilo culto, artificial e pedante.

Pacúvio era tido por douto pelos seus admiradores, e muito se esforçou por renovar e enriquecer a língua latina, não alcançando, todavia, êxito os estranhos vocábulos ou termos compostos que pretendeu introduzir no léxico latino. Seu estilo era cuidadoso, porém mais trabalhado que natural.


LÚCIO ÁCIO

Teatro Romano
ÁCIO (170-86 a.C.), natural de Pisauro, Úmbria. Era filho de um liberto, e estreiou como trágico no momento em que Pacúvio se retirava à sua vida particular. Sabe-se que ainda jovem teve uma conversa com Pacúvio em Tarento, onde lhe lera a sua tragédia Atreus, tendo sido louvada pelo velho poeta apesar de sua 'aspereza'. Ácio, então, respondeu: "É verdade, mas isso não me entristece... dá-se com os talentos o mesmo  que com as frutas: as que, a princípio, são ásperas e duras, se tornam doces e saborosas; as que, de começo, são tenras, nunca amadurecem e em breve se estragam".

Em Roma, onde viveu durante muito tempo, foi Ácio admirado e estimado pelos grandes, e particularmente pelo cônsul Décimo Bruto. Certa vez, perguntaram-lhe porque não advogava, já que nas tragédias revidava tão bem. "É que, respondeu, em minhas tragédias digo o que quero; no foro, meus adversários diriam o que eu não quero". 

Era Ácio de baixa estatura, bastante compenetrado de si mesmo e não tolerava que zombassem dele. Viveu até o tempo de Cícero, quando ingressou num collegium poetarum, assembléia literária. Não se levantava à entrada de César Estrabão, político romano, porque dizia ser superior a ele.

OBRAS

Escreveu Ácio pelo menos uma quarentena de tragédias imitadas de poetas gregos, como, por exemplo AQUILES, MEDEIA, ALCESTES, FILOCTETES, CLITEMNESTRA, BACANTES, etc., e algumas peças romanas, praetextatae, como BRUTUS, DECIUS, etc., tendo muitas destas figuradas por muito tempo nos repertórios. Escreveu, além disso, um poema didático denominado DIDASCALICA, onde expunha suas ideias acerca da própria arte. Outros poemas de sua lavra são: ANAIS, escrito em hexâmetros, PARERGA, PRAGMATICA, PRAXIDICUS.

Inspirado, estiloso e elevado de pensamento era o poeta Ácio, mas seu estilo era acometido por uma empolação afetada e retórica declamatória.
Paulo Barbosa.

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