segunda-feira, 7 de março de 2011

LITERATURA LATINA (XVII): PERÍODO CLÁSSICO, ERA DE CÍCERO - ELOQUÊNCIA [4ª PARTE]

MARCO TÚLIO CÍCERO

TRATADOS FILOSÓFICOS

Dos tratados filosóficos de Cícero conhecemos os seguintes:

De Re Publica
1. DE RE PUBLICA, começado em 54 e publicado antes de julho de 51. São seis livros dos quais se perdeu grande parte. Cícero indaga sobre qual seja a melhor forma de governo, e o mais importante fragmento é o Sonho de Cipião.

2. DE LEGIBUS, começado em 52. É o complemento do De Re Publica. Dele possuímos apenas três livros: I. sobre o direito natural; II. sobre o direito sagrado; III. sobre os magistrados. É uma obra incompleta, ao que tudo indica.

3. PARADOXA STOICORUM, escrito em 46. Cícero desenvolve aí certas máximas estóicas, como por exemplo, "todas as faltas são iguais", "só o sábio é rico", etc. É mais um exercício oratório do que um verdadeiro tratado filosófico.

4. ACADEMIA, de 45. Trata acerca do problema do conhecimento. Cícero expõe as ideias dos Acadêmicos, que se contentavam com a probabilidade sem pretenderem alcançar a certeza. As questões acadêmicas foram primeiro redigidas em dois livros e dedicadas a Luculo; mais tarde Cícero publicou uma segunda edição refundida, que consta de quatro livros e dedicada a Varrão. Hoje restam-nos o livro II da primeira edição e o livro I da segunda.

5. DE FINIBUS BONORUM ET MALORUM LIBRI V, de 45. Versa sobre  questão do bem supremo em cinco livros: I. exposição do Epicurismo por Torquato; II. sua refutação por Cícero; III. exposição do estoicismo por Catão de Útica; IV. refutação por Cícero; V. exposição da teoria dos Acadêmicos e dos Peripatéticos por Púpio Pisão e algumas observações de Cícero.

6. TUSCULANAE DISPUTATIONES, escritas em 45. Escritos em forma de diálogo, provavelmente efetuados na casa que Cícero possuía em Túsculo. São um conjunto de cinco livros: I. De contemnenda morte; II. De tolerando dolore; III. De aegritudine lenienda; IV. De reliquis animi perturbationibus; V. Virtutem ad beate vivendum se ipsa esse contentam.

De Natura
Deorum
7. DE NATURA DEORUM LIBRI III, escrito em 45-44. Cícero trata acerca da existência e natureza dos deuses em três livros: I. sobre a teoria de Epicuro exposta por Veleio; II. sobre a teoria de Epicuro exposta por Balbo; III. refutação de Balbo por Cota. Cícero conclui que, apesar de tudo, a teoria de Balbo lhe parece a mais verossímil.

8. CATO MAIOR ou DE SENECTUTE, escrito em 44. É um diálogo dedicado a Ático. Cícero procura provar que a velhice nada tem de temível. A personagem principal é Catão, o Censor, e as considerações são bem elaboradas e engenhosas.

9. DE DIVINATIONE LIBRI II, de 44. Dividido nos seguintes dois livros: I. são argumentos a favor da arte divinatória, expostos por Quinto Cícero; II. sua refutação por Marco Cícero.

10. DE FATO, escrito em 44. Contra a teoria estóica do destino - fatum, em latim. É o mais obscuro dos tratados filosóficos de Cícero.

11. LAELIUS ou DE AMICITIA, de 44. É um excelente diálogo sobre a amizade, dedicado por Cícero a seu velho amigo Ático.

12. DE OFFICIIS LIBRI III, do ano 44, e talvez acabado em 43. É um tratado dos deveres endereçado por Cícero a seu filho. Neste, propõe o ideal que desejaria ver seu filho realizar. É composto desses três livros: I. do honesto; II. sobre o útil; III. sobre o conflito entre o honesto e o útil.

OBSERVAÇÕES SOBRE A FILOSOFIA DE CÍCERO

Cícero não foi um pensador profundo e original, mas expôs aos Romanos, com bastante exatidão e clareza, as principais ideias dos filósofos gregos.

Nunca escondeu a contribuição alheia, pois declarava de maneira bem simples que seguia ordinariamente a Panécio no De Officiis, completando-o, todavia, com outros autores, e adptando-o ao caráter romano.

Na filosofia, como em sua vida, Cícero mostra-se indeciso. Sempre pretendeu antes procurar do que encontrar a verdade. Devido a essa inclinação, filiou-se à Nova Academia, mas permanecendo eclético e nunca se sujeitando a seguir nenhum sistema.

Possuiu ideias elevadas, revelando preocupação constante com o bem, e indignando-se sinceramente contra o epicurismo.

Acreditava em Deus, sem contudo tentar definir sua natureza. Várias vezes afirmou sua crença na imortalidade da alma e foi à luz de tal crença que conduziu sua vida.

Em relação à lei moral, mostrou muita firmeza, reconhecendo-a, como também quanto à consciência e o dever.

IMPORTÂNCIA

Foi principalmente através de suas obras que os Romanos conheceram a filosofia grega. Daí vem a considerável influência que esta filosofia exerceu em Roma. São nos tratados de Cícero que temos hoje a fonte de nossos conhecimentos para o período da história da filosofia dos filósofos gregos posteriores a Aristóteles e anteriores a era cristã.
Paulo Barbosa.

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