LITERATURA LATINA (XXX): ERA DE CÍCERO - POESIA NEOTÉRICA

A POESIA NEOTÉRICA

No século I antes de nossa era, surgiu uma nova escola de poetas que tinha como característica fundamental o rompimento com o antigo modo de poetar dos antigos poetas latinos, como Ênio, por exemplo. Esta nova escola, denominada pejorativamente por Cícero de Poetae Novi ou Neoterói, Poetas Novos, imitavam os poetas alexandrinos, preferindo temas mais leves e menores, chegando muitas vezes a temas picantes e obscenos. Outra denominação para estes era de Cantores Euphorionis, por ter tido como modelo um certo poeta chamado Euforião, natural de Cálcis.

Os Poetae Novi preferiam os poemas curtos às longas epopeias. Eram doutos, muito versados em mitologia, e tratavam na maioria das vezes temas de amor, dispensando extremo cuidado à forma - métrica e língua. Empregava palavras rebuscadas, muitas vezes obsoletas e mal conhecidas. Condenavam as licenças poéticas, como por exemplo, a supressão do s final em omnibu`princeps, por omnibus princeps. Eram também apreciadores das curiosidades, das anomalias na versificação, como atesta o uso de versos hexâmetros espondaicos.

Os principais poetas neotéricos são os seguintes:

PÚBLIO VALÉRIO CATÃO

CATÃO, nascido na Gália Cisalpina, foi para Roma, onde ensinou poesia. É considerado o chefe da escola dos poetas novos. Além de poesias, compôs estudos gramaticais. De seus poemas destacam-se LYDIA e DIANA (ou DICTYNNA).

LICÍNIO CALVO

CALVO, nascido em 82, faleceu em 47. É mais conhecido como orador do que como poeta, porém compôs epitalâmios, epigramas, uma elegia sobre a morte de Quintília e um pequeno poema intitulado IO. Era muito amigo de Catulo, o poeta neotérico maior.

HÉLVIO CINA

CINNA, outro amigo do poeta Catulo. É autor de um poema, SMYRNA, que demorou nove anos para ser composto. Ficou tão obscuro que nada se pode entender dele sem comentários. Há também outro poema seu, PROPEMPTICON, poema de despedida em honra de Asínio Polião, e poesias eróticas. 

Foi assassinado no dia das exéquias de Júlio César.

FÚRIO BIBÁCULO

BIBÁCULO, nascido talvez em 103 a.C., foi autor de péssimos iambos contra César. Não poupava nem os políticos poderosos nem os grandes literatos. Apesar de muitas vezes ser mordaz, de quando em quando escrevia versos de suave alegria e finamente burilados.

OUTROS POETAS

Ainda da mesma escola pertenciam AULO TÍCIDAS e QUINTO CORNIFÍCIO, de cujas obras poéticas quase nada se sabe.
Paulo Barbosa.