quinta-feira, 31 de março de 2011

LITERATURA LATINA (XXXVIII): ÉPOCA DE AUGUSTO - POESIA LÍRICA [1ª PARTE]

POESIA LÍRICA

QUINTO HORÁCIO FLACO

HORÁCIO (165-8 a.C.), nasceu em Venusa, na fronteira da Apúlia com a Lucânia. Era filho de um liberto que exercia as funções de arrecadador dos dinheiros públicos nas vendas em leilão. Seu pai se esforçou ao máximo para lhe dar instrução esmerada, enviando-o para Roma, onde foi discípulo do terrível Orbílio, chamado por ele de plagosus. Em seguida, foi para Atenas, onde estudou filosofia.

Na Grécia se achava quando, após o assassinato de César, apareceu Bruto para alistar soldados, e Horácio, então, se alista. Chegou a tribuno militar, porém, na batalha de Filipos, em 42, abandonou o escudo, fugindo.

De volta a Roma, conseguiu o cargo de escriba e começou a escrever os Epodos e as Sátiras. Em 37, foi apresentado a Mecenas por Virgílio e Vário. A primeira entrevista foi bastante fria, e a segunda, só nove meses depois veio a realizar-se. Pouco a pouco, todavia, tornaram-se amigos, mas o poeta não aproveitou-se desta amizade para galgar posição elevada, preferindo a aurea mediocritas. No entanto, aceitou de seu protetor uma pequena casa de campo próximo a Tíbure, atual Tívoli.

Levou uma vida suave e alegre, ora morando na Urbe, ora no campo, compondo em lazer prazeroso os seus poemas. Em 8 a.C., morria Mecenas, pedindo a Augusto que se lembrasse de Horácio, mas este faleceu oito dias mais tarde, legando seus bens ao Imperador, que lhe mandou prestar grandes honras fúnebres.

OBRAS


Horácio escreveu e deixou-nos as seguintes obras:

1. ODES, em quatro livros. São composições líricas sobre assuntos diversos, onde se encontra: saudações ao Imperador Augusto e a Mecenas; poemas sobre a primavera, o inverno, sobre a partida de Virgílio; convites para beber e gozar a vida; odes patrióticas em que se celebra as antigas virtudes romanas, etc.

2. CARME SECULAR, composto em 17 a.C. para ser cantado por um coro de moças e rapazes nos jogos solenes em honra de Apolo e de Diana.

3. EPODOS, poemas na maioria iambicos, satíricos e muito picantes.

4. SÁTIRAS, dois livros em hexâmetros, versando assuntos de moral e literatura. Também chamado SERMONES ou PALESTRAS.

5. EPÍSTOLAS, dois livros em hexâmetros, menos picantes que as Sátiras, contendo discussões filosóficas, literárias e sobretudo morais; cartas de amizade, de recomendação, e convites.

6. ARTE POÉTICA, também chamada ESPÍSTOLA AOS PISÕES. Os filhos de Pisão, amigo de Horácio, desejavam aprender versificação. O poeta, então, manda-lhes conselhos, mostrando, principalmente, quão difícil é a arte da poesia. Não tem forma de tratado, mas de uma conversa ou palestra, com um plano bastante arbitrário.

POETA LÍRICO

Afirmava Horácio que não prentendia rivalizar com Píndaro, autor de poesias líricas de elevado nível. Entretanto, cantou com belíssimos acentos a virtude romana e as glórias da pátria.

É ainda mais admirável nas Odes familiares, de requintada perfeição, onde exprime, com finura e delicadeza seleta, os seus prazeres ou desgostos e dá conselhos aos amigos.

ESTILO

Seu estilo é de uma justeza admirável, com acabamento da expressão, de uma perfeição inigualável, com imagens bastante nítidas quanto precisas em sua brevidade, e sobretudo pela combinação nova e feliz de palavras. 

Não há em Horácio longos e dispersivos períodos, mas, por vezes, é um tanto artificial, sobretudo na escolha dos nomes próprios, imitando aí os líricos gregos. Ao mar, por exemplo, chama "O Adriático", ou o "Mar de Cárpato"; às mercadorias de "tírias", "cíprias", e um navio é designado por "pinho do Ponto". Assim, as Odes possuem mais de 700 nomes próprios diferentes, o que representa a sexta parte do vocabulário total.
Paulo Barbosa.

Um comentário:

Dante Ignacchitti disse...

Finalmente encontramos um farol da cultura clássica, de intensa luz, nesse abismo oceânico, profundo e tormentoso,chamado Brasil. Rendo-lhe homenagens e espero usufruir, sem aborrecê-lo, dessa oportunidade ímpar que se me apresenta.