quinta-feira, 28 de abril de 2011

LITERATURA LATINA (LXII): PERÍODO PÓS-CLÁSSICO - HISTORIOGRAFIA [1ª PARTE]

A HISTORIOGRAFIA

PÚBLIO CORNÉLIO TÁCITO



TÁCITO, viveu no final do século I e início do II. Provavelmente era filho de um procurador da Gália Bélgica. Na mocidade, gostava de ouvir os arrazoados dos grandes oradores do tempo, Marco Áper e Júlio Secundo. Mais tarde, ele mesmo veio a ser advogado de renome. Em 77 casou-se com a filha do cônsul Júlio Agrícola. No tempo do Imperador Vespasiano, começou a receber honrarias, tendo sido pretor sob Domiciano. Depois, encarregado certamente de importante missão em alguma província, deixou Roma. Em 93 volta e presencia os horrores que enlutaram os últimos anos do governo de Domiciano. Sob Nerva, foi nomeado cônsul, em 97, e depois, procônsul na Ásia.

OBRAS

Compôs Tácito poesias e discursos que se perderam, exceção feita às seguintes obras:

1. DIÁLOGO DOS ORADORES, obra que versa sobre três questões: a) paralelo entre a poesia e a eloquência; b) paralelo entre antigos e modernos; c) causas da decadência da eloquência.

As ideias são ciceronianas, mas Cícero é criticado por um dos interlocutores, sendo capítulos adiante refutada a crítica.

A forma é um diálogo entre o poeta trágico Materno e dois oradores, amigos seus, Áper e Secundo. É bem dirigido o diálogo e a discussão viva. 

A autenticidade foi contestada antigamente, mas sem sério fundamento. Hoje, porém, é admitida por todos os eruditos.

A data é muito discutida, mas provavelmente deve ter sido composto no tempo de Domiciano, entre 81 e 96 d.C., sendo, todavia, publicado por volta de 98.

2. AGRÍCOLA, composto em 98, sob o governo de Nerva. Agrícola era sogro de Tácito, e tinha sido governador da Grã-Bretanha. O livro participa tanto da natureza do encômio quanto da história.

3. GERMÂNIA ou DE MORIBUS GERMANORUM, publicado provavelmente 98, porém depois de Agrícola.

Divide-se em duas partes, onde na primeira trata dos costumes comuns a todos os Germanos e a segunda, dos costumes particulares de cada população.

As fontes foram principalmente inúmeros informes orais, pois Tácito nunca esteve pessoalmente na Germânia. Dentre os escritos por ele estudados, talvez tenha sido mais útil a obra de Plínio, o Velho, que publicou vinte livros sobre as guerras da Germânia.

A finalidade da obra era contrapor o luxo da Roma decadente à singeleza dos costumes bárbaros. Não é uma obra, portanto, simplesmente descritiva.

4. HISTÓRIAS, compostas sob Trajano (98-117 d.C.), onde narram os acontecimentos verificados desde a morte de Nero, em 68, até a de Domiciano, em 96, quer dizer, os reinados de Galba, Otão, Vitélio, Vespasiano, Tito e Domiciano. Compreendiam, originariamente, 14 livros, restando destes hoje apenas os quatro primeiros e uma parte do quinto. Nestes tratam-se de Galba, Otão, Vitélio e os primeiros tempos de Vespasiano.

5. ANAIS ou AB EXCESSU DIVI AUGUSTI, foram compostos depois das Histórias, onde relatam fatos anteriores, como os reinados de Tibério (14-17), Calígula (37-41), Cláudio (41-54) e Nero (54-68). Compreendiam 16 livros ou 18, segundo outros autores, mas hoje restam apenas os livros I-VI e XI-XVI, e mesmo assim com muitas lacunas. Os seis primeiros contam o reinado de Tibério, os livros XI-XII o fim do de Cláudio e os livros XIII-XVI o reinado de Nero até 66. Falta o fim do reinado de Tibério, todo o de Calígula, o início do de Cláudio e o fim do de Nero.
Paulo Barbosa.

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