quinta-feira, 14 de abril de 2011

LITERATURA ROMANA (L): ÉPOCA DE AUGUSTO - RÉTORES

Dentre os rétores - ou professores de retórica - do tempo de Augusto, os mais destacados e preeminentes foram:

PÚBLIO RUTÍLIO LUPO

LUPO, nascido em 20 d.C. em Firenze e sem data certa de sua morte. Foi escritor e historiador e parece ser o Lupus citado no Catálogo dos Poetas de Ovídio. Foi autor de um tratado de gramática e retórica latina denominado DE FIGURIS SENTENTIARUM ET ELOCUTIONIS

O tratado De Figuris foi muito usado no Renascimento, figurando na obra linguística do célebre gramático Pierfrancesco Giambullare (1495-1555), a Regole della lingua fiorentina.

LÚCIO ANEO SÊNECA, O RÉTOR

SÊNECA, O RÉTOR (ou O PAI), nascido por volta de 55 a.C. e falecido entre 37 e 41 d.C. Era um espanhol abastado, natural de Córdova, mas passou a maior parte de sua vida em Roma. Era dotado de apreciável erudição e extraordinária memória. No fim da vida, reuniu e publicou as mais curiosas passagens que se lembrava ter ouvido nas declamações, ou seja, nos exercícios de oratórias em que tomavam parte não somente jovens, mas também homens adultos. 

OBRA

É autor de uma obra intitulada SENTENTIAE, DIVISIONES, COLORES, sendo sententiae as passagens escolhidas e os pensamentos picantes; divisiones, os planos de discursos; e colores, os artifícios de oratória que permitem dar a um fato cores agradáveis. É composta de das partes bem distintas: I. SUASORIAE, suasórias, em um único livro, onde se encontra consultas oratórias, como Agamémnon refletindo e resolvendo sobre a imolação de Ifigênia; II. CONTROVERSIAE, que são discursos judiciários em dez livros, sendo que dos livros III-VI restam apenas extratos. Em cada questão advoga-se sucessivamente o pró e o contra. Os assuntos são estranhos e convencionais, tratando-se de 'pirataria', de 'tiranos' habitando cidadelas; leis que não existem em nenhum lugar e que nunca existiram em Roma são imaginadas. Deparam-se em larga escala com circunstâncias inverossímeis.

ESTILO

Dificilmente se poderia conceber obra mais declamatória e de mais falsa tonalidade que esta. Sêneca tinha o hábito de citar os trechos que lograram maior sucesso, e daí se pode extrair ou ter ideia do que seria o gosto público e a educação literária da época imperial. Dentro em pouco, a declamação dominará por toda parte.

Não deixa, porém, de causar surpresa o fato de se encontrarem aqui e ali passagens felizes, pormenores históricos interessantes, algumas preciosas citações de autores hoje desaparecidos. Sêneca intercala algumas digressões, de quando em quando deixa-se estar a conversar, e principalmente nos prefácios se mostra mais espontâneo e natural e, por isso, constituem aqueles a parte mais interessante da obra.
Paulo Barbosa.

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