segunda-feira, 9 de maio de 2011

LITERATURA LATINA (LXXI): PERÍODO PÓS-CLÁSSICO - A FILOSOFIA EM ROMA [1ª PARTE]

A FILOSOFIA EM ROMA



A filosofia grega começara a se implantar em Roma desde os fins da República e continuou a propagar-se durante o Império. Dentre as várias escolas filosóficas do período helenístico, o estoicismo conseguiu atrair as personagens mais elevadas e enérgicas que buscavam neste sistema a necessária ousadia e coragem para suportarem a desventura dessa época histórica. Desta maneira, encontramos em Roma homens como Peto Trásea ou Helvídio Prisco, discípulos estóicos fervorosos e filósofos de profissão, dos quais Sêneca é o modelo mais perfeito. Estes filósofos profissionais elaboraram exortações morais onde mais desenvolvem temas genéricos sobre a paz da alma ou o desprezo da dor do que diretrizes adaptáveis aos caracteres e ao estado dos seguidores.

BREVE VISÃO SOBRE O ESTOICISMO

A escola estóica foi fundada por Zenão, nascido na ilha de Chipre numa localidade chamada Cítio. Daí vem ser conhecido como Zenão de Cítio

As principais teses gerais sobre o conhecimento humano (gnosiologia) do estoicismo são as seguintes:

1. MONISMO MATERIALISTA, ou seja, negação de uma realidade espiritual, incorpórea e transcendental. É o combate a toda e qualquer forma de dualismo metafísico.

2. SENSISMO, que coloca todo conhecimento humano nas sensações, sem nenhum concurso do intelecto.

3. NOMINALISMO, que significa a rejeição dos conceitos universais, afirmando que estes não possuem nenhuma objetividade. Somente o individual é real, porém o homem usa certas palavras ou nomes - daí nominalismo - como se fossem universais, aplicáveis a uma multidão de seres.

Nestas teses gerais gnosiológicas os estóicos se aliam à outra escola então vigente, o epicurismo. Separam-se, entretanto no tocante à Física e à Ética.

A Física estóica professa, dentre tantas, as seguintes opiniões:

1. O MUNDO É SER VIVO, ou seja, o Universo é um animal vivente e dotado de razão. Este animal é autossuficiente, possuindo em si mesmo o princípio do seu ser e do seu operar. Possui uma alma, composta de ar e fogo e um corpo, composto de terra e água.

2. PANTEÍSMO, pois o deus estóico é imanente ao mundo, conferindo-lhe uma ordem providencial e harmônica. É um deus da mesma matéria que o mundo e por isso o monismo visto acima.

A Ética, por sua vez, dá os seguintes preceitos aos homens:

1. SEGUIR A NATUREZA, ou seja, o homem deve seguir e se conformar à ordem existente no mundo. Este é o fundamento da moral estóica. A própria liberdade consiste em se conformar à ordem divina, cósmica. 

2. SER VIRTUOSO, ou seja, o homem ao obedecer à lei irrefragável da natureza torna-se virtuoso. É a virtude o único bem e o único mal é o vício, seu oposto. O prazer, diz o epicurismo, pode estar anexo à virtude, mas não a constitui.

3. APATÉIA, que significa ausência de paixões, pois estas estorvam a razão. O sábio estóico rejeita ao que a paixão tem de sedutor e renuncia ao bem ilusório que por ela é prometido.
Paulo Barbosa.

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