terça-feira, 10 de maio de 2011

LITERATURA LATINA (LXXII): PERÍODO PÓS-CLÁSSICO - A FILOSOFIA EM ROMA [2ª PARTE]

A FILOSOFIA EM ROMA

LÚCIO ANEU SÊNECA


SÊNECA, O FILÓSOFO (4 a.C.-65 d.C.), foi o segundo filho de Sêneca, o Rétor. Nasceu em Córdova, mas foi para Roma, onde se educou. Após breve estada no Egito, voltou a Roma, onde durante algum tempo exerceu a profissão de advogado, sendo em seguida nomeado questor. O Imperador Calígula quase o condenou à morte, mas conseguiu persuadí-lo de que em breve tempo iria morrer de enfermidade. O Imperador Cláudio dando ouvidos às acusações de sua mulher, Messalina, o exilou na Córsega, em 41. Ficou Sêneca profundamente abatido fora de sua pátria, mas em 49 foi chamado por Agripina a Roma para ser o mestre de seu filho, Nero.

Nos primeiros anos de reinado de Nero a influência excercida pelo filósofo e por Burro foi muito proveitosa, mas à medida que o discípulo se subtraía a essa influência, Sêneca ia descendo de concessão a concessão, chegando mesmo ao cúmulo de redigir a carta em que o Imperador pretendia justificar argumentativamente perante o Senado o assassinato de Agripina. Após Bruto morrer, entretanto, Sêneca se afasta o máximo que pode do palácio imperial. Participando da conspiração de Pisão, recebeu de Nero a ordem de ser executado. O filósofo mesmo abriu as próprias veias e morreu.

OBRAS

De Sêneca possuímos ainda hoje numerosas obras:

1. DIALOGORUM LIBRI XII, uma reunião de doze obras, verdadeiros diálogos: I) De providentia; II) De constantia sapientis; III-V) De ira libri tres; VI) Ad Marciam de consolatione, onde consola uma mãe pela perda do filho; VII) De vita beata; VIII) De otio; IX) De tranquillitate animi; X) De brevitate vitae; XI) Ad Polybium de consolatione, onde sob pretexto de consolar Políbio, um liberto de Cláudio, Sêneca o adula para conseguir o regresso do exílio; XII) Ad Helviam matrem de consolatione, onde tenta consolar a mãe por estar exilado, mas o que deseja mesmo é obter permissão para o regresso.

2. DE CLEMENTIA e DE BENEFICIIS, dois outros tratados que não estão incluídos na coleção acima.

3. CARTAS A LUCÍLIO, conjunto de 124 cartas em 20 livros. Não se sabe se estas cartas foram reais, ou seja, se foram realmente enviadas a seus destinatários ou se são fictícias. O que é certo é que eram destinadas à publicidade e em nada possuem semelhanças a correspondências íntimas. São verdadeiras dissertações filosóficas estóicas sobre, por exemplo, a verdadeira glória do filósofo, o desprezo da morte, a sabedoria, a pobreza, a felicidade, etc.

4. NATURALES QUAESTIONES, em sete ou oito livros, onde expõe o filósofo assuntos sobre a física: o raio, o vento, os tremores de terra, etc.

5. APOKOLOKYNTOSIS, sátira graciosa, um misto de prosa e verso, que trata da morte do Imperador Cláudio, onde Sêneca relata a metamorfose do governante romano em abóbora.

6. TRAGÉDIAS, como HÉRCULES FURIOSO; TRÓADAS ou HÉCUBA; FENÍCIAS; MEDEIA; FEDRA ou HIPÓLITO; ÉDIPO; AGAMÉMNON; TIESTES e HÉRCULES NO ETA.

Uma outra tragédia, OCTÁVIA, é acrescentada aos manuscritos, mas é tida como obra de autor desconhecido e bem posterior à morte de Sêneca.
Paulo Barbosa.

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