terça-feira, 7 de junho de 2011

O 'EROS' PLATÔNICO, IMPULSO PARA O FILOSOFAR


O EROS em Platão pode ser conceituado como aquele desejo ardente e inquieto da alma humana que a todo momento a incita à busca e posse da Verdade. Na Mitologia, o Amor é um 'demônio' que se interpõe entre os deuses e os homens, filho de Poros e Pênia. Como a mãe, é pobre, indigente, e como o pai, conquistador incansável. Não possui sabedoria nem ignorância, mas é amante insaciável da Sabedoria - Sofia -, e por isso mesmo, é carente de conquistas duradouras e plenas, mas rico de aspirações e desejos.

O Eros comporta vários graus de iniciação nesta busca em direção à Verdade. Há em primeiro plano o amor intelectual 'de um belo corpo' que 'gera belos pensamentos', que é quando a alma compreende as belezas físicas, corpóreas, como meros reflexos de uma única Beleza e assim todas as parcelas do belo são amadas na Beleza, não sendo o homem, desta maneira, escravo de nenhuma delas. Em seguida, compreende que superior ao belo corpo é a alma com sua beleza, e passa, então, a consagrar-se a este amor, tornando verdadeiro amante. Deste, o Eros eleva o homem ao amor das obras geradas no seio do Belo e em seguida, ao amor da Ciência. Por último, o Amor impulsiona o homem a dirigir o olhar para a imensa vastidão do próprio Belo, onde o espírito se alimenta para gerar pensamentos e discursos de uma filosofia de largo horizonte.

No Banquete fica bem claro que Eros, ou o Amor, é carência, falta, pobreza, insuficiência, e ao mesmo tempo, desejo de posse, de conquista. Dirige-se para a beleza que é o prenúncio e a aparência do Bem e rejeita a morte, é avesso à destruição, demonstrando isso pelo instinto de gerar. Nas escalada ascensional, parte desde a beleza sensível dos corpos que geram belos pensamentos até à beleza da Sapiência, a mais elevada de todas e cujo amor, ou seja, a Filosofia, é, por isso mesmo, o mais nobre.
Paulo Barbosa.

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