terça-feira, 28 de junho de 2011

O ESCRAVIDÃO NA CONCEPÇÃO DE ARISTÓTELES E TOMÁS DE AQUINO


Os escravos, na Antiguidade, eram tidos por entes ou seres que não participavam da natureza humana, ou seja, não possuíam personalidade. Eram res, non persona, coisa, não pessoa. A maior parte do trabalho naquele tempo era executado por eles, mas nunca eram proprietários dos frutos de seu labor. Recebiam o pecúlio, pequeno rebanho que se lhe concedia como um estimulante do trabalho e a comida. 

Os filósofos antigos, entretanto, justificavam a escravidão como algo decorrente da natureza, com o argumento de que servia ou era útil não só ao senhor como também ao escravo. Aristóteles a considerava como uma das divisões naturais da sociedade, semelhante à divisão entre homem e mulher. Segundo o Filósofo, existem homens 'que naturalmente são dispostos a mandar' e homens 'que naturalmente são dispostos à obediência' e é graças à união que 'ambos podem sobreviver'. Por esse motivo conclui que a escravidão 'é vantajosa tanto para o senhor quanto para o escravo' (Política, I, 2, 1552 a).

Com o advento do Cristianismo a concepção de ser a escravatura algo natural mudou e Santo Tomás de Aquino é enfático quando declara "que um homem seja escravo e outro não, é coisa que, de um ponto de vista absoluto, não tem razão natural, mas só razão de utilidade, porquanto é útil ao escravo ser governado por um homem mais prudente, e é útil a este último ser auxiliado pelo escravo" (Suma Teológica II, 2, q. 57, a. 3, ad 2º). Não é natural ou decorrente da natureza o ser escravo, portanto, mas pode ser útil e para ambos, onde prestam-se auxílio mútuo, segundo o Aquinate.

Paulo Barbosa.

Um comentário:

Lucas disse...

Só uma pequena correção:
A palavra que St Tomás utiliza é servo, que é diferente de escravo. A escravidão (privação total da liberdade) St Tomás condena.

Pode-se observar como ele utilizava a palavra "servo" neste link:
http://www.corpusthomisticum.org/sth3057.html